A construção civil no Brasil tem uma importante repercussão quer no consumo de recursos naturais, quer na geração de impactos ambientais. A reciclagem dos resíduos de construção e demolição (RCD) tem surgido como uma forma de amenizar a ação nociva dos resíduos, podendo-se utilizar os inertes reciclados de RCD em novos produtos.
A quantidade de resíduos gerados nas construções realizadas na cidade de São Carlos varia de 250 a 450 ton/dia, o que demonstra um desperdício irracional de material. Os custos desta irracionalidade são distribuídos por toda a sociedade, não só pelo aumento do custo final das construções como também pelos custos de remoção e tratamento do resíduo.
Na maioria das vezes, o resíduo de construção civil é disposto em aterros de inertes, reduzindo a vida útil do aterro e degradando o meio ambiente, e em outras situações o resíduo é retirado das obras e disposto clandestinamente em locais como terrenos baldios, margens de rios e de ruas das periferias da Cidade de São Carlos. A Prefeitura compromete recursos, nem sempre mensuráveis, para a remoção ou tratamento desse resíduo.
O custo social total é praticamente impossível de ser determinado, pois suas conseqüências geram a degradação da qualidade de vida urbana em aspectos como transportes, enchentes, poluição visual, proliferação de vetores de doenças, entre outros. De um jeito ou de outro, toda a sociedade sofre com a deposição irregular de resíduo e paga por isso. Com a reciclagem, buscamos a diminuição de volume de material nestes aterros, preservando assim os recursos naturais, com uma alternativa economicamente viável.
São Carlos, em atendimento à resolução nº. 307 do CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA, de 05 de julho de 2002, editou a Lei nº. 13.867/06 que institui o PLANO INTEGRADO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL E O SISTEMA PARA A GESTÃO DESTES RESÍDUOS.
A PROHAB São Carlos, de acordo com estes ditames, e através de um Programa de Sustentabilidade Ambiental e Social, apostou em projetos que visam uma redução dos custos unitários de determinados produtos (blocos, pisos de concreto, sub-base para pavimentação, etc.) produzidos na Fábrica de Artefatos de Cimento da PROHAB (F.A.C.), com utilização do resíduo para a produção de agregados, além de trazer benefícios do ponto de vista ambiental.
A implantação da USINA DE RECICLAGEM DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL da PROHAB na Cidade de São Carlos, inaugurada dia 08/12/2006, representa um marco no desenvolvimento sustentável da região, e é ponto de partida para a transformação do resíduo gerado em obras de construção civil através da reciclagem em matéria prima para novas obras.
O QUE PODE SER RECICLADO NA USINA: • Fragmentos de alvenaria de componentes cerâmicos. • Fragmentos de alvenaria de blocos de concreto. • Fragmentos de concreto, armado ou não, sem fôrmas. • Fragmentos de lajes e de pisos. • Argamassas de cal, de cimento ou mistas, de assentamento ou revestimento. • Componentes de concreto ou cerâmicos: blocos, tijolos, telhas, tubos, briquetes, lajotas para laje etc. • Fragmentos de pedra britada e de areia naturais, sem presença significativa de terra ou outros materiais proibidos (classificação Classe A - CONAMA nº. 307)
O QUE NÃO PODE SER RECICLADO NA USINA: Gesso, Fragmentos de cimento amianto em quantidades expressivas, Madeira, vegetação e matéria orgânica; papel, papelão, plástico, isopor e similares; tecidos, borracha, espuma e demais materiais sintéticos; metais; vidro; tintas, impermeabilizantes e asfalto; líquidos em geral; Outros.
A MÃO-DE-OBRA operante na Divisão Industrial da Prohab é composta de reeducandos da penitenciária "Dr. Antonio de Queiroz Filho” de Itirapina. Esta iniciativa é muito importante para a ressocialização destas pessoas, lembrando que, além do salário recebido mensalmente, para cada 03 dias de trabalho, há a remissão de 01 dia, descontado da pena total.
RECEPÇÃO Os resíduos são transbordados na USINA através de uma parceria com empresas coletoras de resíduos na cidade de São Carlos; esta parceria foi efetivada, fechando assim um circuito muito importante para o aumento da vida útil do aterro de inertes municipal, além de benefícios gerados ao meio ambiente e, e redução de custos para a remoção ou e limpeza em locais de deposição clandestina.
OPERAÇÃO RESUMO DAS ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NA USINA • recepção e análise visual dos resíduos recebidos; • disposição em áreas para triagem; • triagem e retirada de contaminantes dos resíduos; • manejo, estocagem e expedição de rejeitos; alimentação do núcleo de reciclagem; • processamento dos resíduos (pré-classificação, britagem, peneiração, rebritagem e transporte); • retirada de contaminantes após a britagem (impurezas metálico ferrosas e outras); • formação de pilhas de agregado reciclado na forma de “brita corrida”; • formação de pilhas de agregados reciclados peneirados; • estocagem de agregado reciclado; • expedição.
A CAPACIDADE DE PRODUÇÃO na triagem/britagem é de 20 ton/h – 8h/dia, totalizando 160 ton/dia, uma quantidade bem próxima da geração do município (250 t/dia), levando em conta que somente os resíduos RCD serão transbordados no pátio de triagem da Usina.
DIFERENTES APLICAÇÕES PARA OS RESÍDUOS RECICLADOS • Produção de Artefatos de Concreto. • Produção de argamassas e concretos não estruturais. • Pavimentação e recuperação de estradas rurais. • Controle de erosão. • enchimento de fundações de construção e aterro de vias de acesso, etc.
PRINCIPAIS RESULTADOS PRODUZIDOS PELA RECICLAGEM DE RCD • Ambientais: Os principais resultados produzidos pela reciclagem do resíduo são os benefícios ambientais. A equação da qualidade de vida e da utilização não predatória dos recursos naturais é de longe mais importante que a equação econômica. Os benefícios são conseguidos não só pela diminuição da deposição de resíduos em locais inadequados, como também pela redução de extração de matéria-prima em jazidas, o que nem sempre é adequadamente fiscalizado. Reduz-se, ainda, a necessidade de destinação de áreas públicas para a deposição dos resíduos. • Econômicos: As experiências indicam que é economicamente vantajoso substituir a deposição irregular do resíduo pela sua reciclagem. O custo para a administração municipal é de US$ 10 por metro cúbico clandestinamente depositado, aproximadamente, incluindo a correção da deposição e o controle de doenças. Estima-se que o custo da reciclagem significa cerca de 25% desses custos. A produção de agregados com base no resíduo pode gerar economias de mais de 80% em relação aos preços dos agregados convencionais. A partir deste material é possível fabricar componentes com uma economia de até 70% em relação a similares com matéria-prima não reciclada. Esta relação pode variar, evidentemente, de acordo com gastos indiretos, a tecnologia empregada nas instalações de reciclagem, custo dos materiais convencionais e custos do processo de reciclagem implantado. De qualquer forma, na grande maioria dos casos, a reciclagem de resíduo possibilita o barateamento das atividades de construção. • Sociais: O emprego do material reciclado em programas de habitação social traz bons resultados, com a redução significativa dos custos de produção da infra-estrutura e das unidades em si. Atualmente, o volume gerado pelos resíduos é considerado grande, ocupando portanto muito espaço nos aterros; seu transporte, em função não só do volume mas do peso, torna-se caro. A reciclagem e o reaproveitamento do resíduo são, portanto, de fundamental importância para o controle e minimização dos problemas ambientais causados pela geração de resíduos, e para seu reaproveitamento na criação de diversos produtos com valor agregado.
(recuperação vias rurais com material reciclado) (Bloco de concreto – composto com material reciclado)
( Fábrica de Artefatos de Cimento – PROHAB )
RESÍDUOS RECICLADOS
• Bica corrida Granulometria variável, utilizado para sub-base de pavimentações, recuperação de vias rurais e serviços de tapa-buracos.
• Areia Grossa Granulometria: até 2,4mm. Ótima opção para pequenos serviços, argamassa de assentamento e outros.
• Pedrisco Granulometria até 9,5mm, recomendado para uso na fabricação de artefatos de cimento, bloco de vedação, piso intertravado, entre outros.
• Pedra nº 1 Granulometria até 19mm, usada em diversas aplicações. Ex.: fabricação de concreto não estrutural e drenagens.
• Pedregulho (rachão) Granulometria acima de 25 mm, usado em diversas aplicações. Ex.: contenção de erosões e voçorocas, drenagens, etc.
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