O presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Márcio Pochmann, esteve em São Carlos nesta terça-feira (3). Ele proferiu a palestra “perspectivas e oportunidades frente à crise internacional”, durante a reunião do Comdes (Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social), que aconteceu no auditório Bento Prado Júnior, no Paço Municipal.

A reunião reuniu membros do Conselho e outros participantes, entre eles, o prefeito Oswaldo Barba, o vice-prefeito, Emerson Leal, o vereador e líder do governo na Câmara, Lineu Navarro, e o secretário-executivo do Comdes, Marcos Martinelli.

O prefeito fez a abertura da reunião e fez questão de compartilhar com os membros do Comdes a recente conquista do Mundial de Balonismo para 2014, o prêmio Sebrae de Prefeito Empreendedor, que ele recebeu na semana passada, e a menção honrosa, concedida pelo Ministério do Meio Ambiente à Prefeitura, aos programas de gestão de resíduos sólidos promovidos pela Prohab com a FAC (Fábrica de Artefatos de Cimento) e a Usina de Reciclagem.  “Fiz questão de compartilhar com o Conselhão essas conquistas recentes, pois muitas ações da Prefeitura foram orientadas pelos membros do Comdes”, enfatizou o prefeito Oswaldo Barba.

Palestra – O presidente do Ipea iniciou a palestra destacando que o Brasil está em uma trajetória de superação do subdesenvolvimento. Lembrou, no entanto, que ainda há muita desigualdade de renda nas várias regiões do país. Pochmann fez questão de registrar que São Carlos obtém bons resultados com iniciativas inovadoras. “Ficamos estimulados com os resultados que a administração municipal obtém aqui em São Carlos”, disse, dirigindo-se ao prefeito Barba.

Pochmann salientou que o Brasil teve duas décadas muito difíceis (1980 e 1990), inclusive com trajetória de regressão econômica e social, além de inflação alta, finanças desorganizadas e competitividade baixa. “Em 1980 éramos a 8ª economia do mundo, em 2000 caímos para a 13ª”, ilustrou. Pochmann fez outra comparação para mostrar que ainda há desigualdades no país, mas que houve avanços. “Hoje temos 16 milhões de pessoas que vivem com R$ 2 por dia, há 10 anos tínhamos 50 milhões que viviam com esse mesmo valor diário”.

“De 2000 em diante estamos vivendo outra realidade, em 2011 ficamos na 6ª posição mundial e até 2014 deveremos ser a 4ª, à frente da França, inclusive”, explicou, lembrando que atualmente o Brasil está conseguindo se recuperar, pois segundo ele, 46% da renda nacional é formada por salários, em 1980 essa proporção era de 50%, enquanto em 2000 havia chegado a patamar mais baixo, com 30% da renda nacional formada pela massa salarial.

Crise internacional - Pochmann chamou a atenção para, segundo ele, a grave crise internacional que está ocorrendo, que se iniciou em 2008 nos Estados Unidos. “A crise não é somente econômica, é financeira e alimentar e deve durar 10 anos ou mais. É a mais grave crise desde 1929”, ressaltou. Para o presidente do IPEA, outro problema para a superação da crise mundial é o que chamou de “deslocamento do centro dinâmico do mundo”, que antes estava claramente definido entre Estados Unidos e Europa e que agora migra para a Ásia. “A crise de governança mundial está sem perspectiva de superação”, afirmou.

Sobre o Brasil, Pochmann frisou que há, pelo menos, três grandes desafios a serem superados: o desafio demográfico, o conhecimento e a mudança nas fonte de riqueza.

“Estimativas atuais apontam que em 2030 teremos 207 milhões de habitantes. Há 15 anos, estimava-se 240 milhões. Em 1990, 34% da população tinha até 14 anos, em 2030 apenas 12% terá essa idade. Agora em 2012, temos 3 milhões de pessoas com 80 anos ou mais, em 2030 serão 20 milhões”. Para ele, o país precisa se preparar para essas mudanças, pois, no futuro, devemos ter vagas sobrando em escolas e uma população idosa necessitando de cuidados especiais.

Mercado de trabalho – Márcio Pochmann falou sobre as novas fontes de geração de riqueza no mercado de trabalho. Segundo ele, 70% dos postos de trabalho do Brasil atual são preenchidos no setor de serviços. “É um novo mundo do trabalho”.

Por fim, Pochmann destacou que o conhecimento organizará a sociedade do futuro. “Conhecimento não é a somatória de informação, é a análise e sistematização da informação”, esclareceu. “Agora, a escola é para a vida toda, diferente do passado  que escola era para crianças, adolescentes e alguns jovens. Antes a universidade era vista como um teto, agora é o piso”, disse. Para o presidente do IPEA o grande desafio na Educação é promover a capacidade nas pessoas de enxergar perspectivas para o futuro.

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(04/04/2012)

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