A Prefeitura de São Carlos realizou nesta sexta-feira (28/11), no auditório do Paço Municipal, o Simpósio HIV – Fique Sabendo 2025, com o tema “Informação que Transforma, Prevenção que Salva”. O encontro reuniu especialistas da área da infectologia, profissionais da saúde, estudantes e ativistas, reforçando a importância da testagem rápida, do diagnóstico precoce e do cuidado integral no enfrentamento ao HIV e às demais Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

 

Entre os destaques esteve a participação da ativista Silvia Almeida, integrante do Movimento Nacional de Cidadãs Positivas, formado por mulheres que vivem com HIV. Ela ressaltou que o grupo atua pelo empoderamento feminino, pela prevenção e pela defesa dos direitos das mulheres. “A gente trabalha o nosso próprio empoderamento, as causas das violências sexuais, a prevenção e principalmente a questão dos direitos cidadãos de cada mulher, mesmo vivendo com HIV”, afirmou. Para Silvia, apesar dos avanços tecnológicos em tratamento e testagem, o estigma ainda é um obstáculo. “Nesses 40 anos de HIV, tudo evoluiu. Mas as questões de estigma e discriminação não caminharam na mesma rapidez. Muitas vezes, a própria pessoa se culpa, e isso gera sofrimento. Precisamos trabalhar com informação para desestigmatizar”, disse.

 

Ela também chamou atenção para a falta de campanhas de prevenção e para a vulnerabilidade dos jovens. “Hoje você não ouve mais falar sobre camisinha. Evoluímos com a PrEP, mas ainda há adolescentes e mulheres que desconhecem essas ferramentas. O jovem acha que nada vai acontecer com ele, não procura informação sobre doenças. Precisamos descobrir uma forma de comunicar a prevenção que chegue até eles de maneira leve, mas consciente, mostrando que é possível viver sem HIV, evitar sífilis e a gravidez não planejada”, destacou.

 

A supervisora do Centro de Atendimento de Infecções Crônicas (CAIC), Cíntia Ruggiero, apresentou dados que mostram a dimensão do trabalho realizado em São Carlos. Segundo ela, o município acompanha a tendência estadual de queda nos casos, principalmente graças à profilaxia pré-exposição (PrEP). Atualmente, cerca de 1.870 pacientes estão em tratamento e acompanhamento. “Não podemos apenas correr atrás do prejuízo. É preciso pensar em prevenir antes, mas também garantir qualidade de vida para quem já tem o diagnóstico”, afirmou.

 

Já a diretora de Vigilância em Saúde, Denise Martins Gomide, ressaltou que o simpósio é parte de um esforço contínuo da campanha Fique Sabendo, realizada todos os anos. “O acesso ao diagnóstico é um direito e conhecer o status sorológico é um ato de cuidado consigo e com a comunidade. Em 2025, ampliamos as estratégias de testagem e intensificamos a busca ativa para que nenhum paciente fique à margem do cuidado e do acolhimento. A informação transforma as nossas ações e a prevenção salva vidas”, disse.

 

O secretário municipal de Saúde, Leandro Pilha, reforçou a importância da capacitação técnica dos profissionais e da prevenção como caminho central. “Esse simpósio traz palestrantes de altíssimo nível. Nossa missão é capacitar os profissionais para levar esse conhecimento à população. A prevenção é o melhor caminho. O diagnóstico precoce garante tratamento e uma vida normal. São Carlos avança oferecendo estrutura humanizada e qualificada”, afirmou.

Durante a campanha, diversos pontos da cidade oferecem testes rápidos gratuitos e sigilosos, como na USP, na UFSCar, nas Unidades Básicas de Saúde e no próprio CAIC. As ações incluem distribuição de kits de prevenção com autotestes, preservativos e material educativo, além da oferta de PrEP. O evento contou com apoio institucional da Unimed São Carlos e da Santa Casa.

 

O simpósio também contou com palestrantes convidados, que trouxeram diferentes perspectivas sobre prevenção, diagnóstico e cuidado integral. Entre eles, o infectologista Dr. Paulo Abrão, da Escola Paulista de Medicina e presidente da Sociedade Paulista de Infectologia, considerado uma das maiores referências na área; além da Dra. Carolina Toniolo, Dra. Sigrid Sousa Santos, Dr. Daniel Litardi e Dr. Leonardo Pozzi, que compartilharam experiências clínicas e acadêmicas.

 

(01/12/2025)