CIDADANIA PREPARA CAMPANHA DE CONSCIENTIZAÇÃO |
A Secretaria de Cidadania e Assistência Social, por meio da Divisão de Políticas para a Diversidade Sexual, prepara campanha de conscientização e sensibilização em comemoração ao dia 29 de janeiro, dia Nacional da Visibilidade de pessoas travestis e transexuais. O Dia da Visibilidade Trans surgiu em janeiro de 2004, por conta do lançamento da Campanha Nacional “Travesti é Respeito”, do Ministério da Saúde. Nesse dia 29, representantes da Articulação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) entraram no Congresso Nacional, em Brasília, para lançar nacionalmente a campanha.
Dessa iniciativa, as 52 organizações afiliadas à ANTRA foram orientadas a sair às ruas para comemorar a data em todo o país, mostrando as suas caras e consequentemente reivindicar seus direitos.
Mas, quando se fala em visibilidade, o que se quer dizer com isso? Significa primariamente que travestis e transexuais continuam invisíveis do ponto de vista do respeito aos direitos e da dignidade.
O desrespeito, as diárias agressões e a incompreensão por parte dos pais e da família. Em muitos casos são expulsas de suas casas ou forçadas a isso, dado o histórico de violência. Sem ter onde morar, acabam tantas vezes caindo nas garras das cafetinas e cafetões que lhes oferecem um lugar para dormir em troca de trabalho na prostituição.
Durante a vida escolar, geralmente verifica-se o fenômeno da evasão, já que a maioria acaba por não suportar as agressões diárias vindas não apenas dos demais alunos, mas também daqueles que deveriam protegê-las: professores e gestores escolares que insistem em afirmar que a identidade de gênero que elas dizem possuir é inválida, mentirosa, fantasiosa, negando-se a tratá-las pelo nome social, ou seja, nome que condiz com sua imagem e pelo qual se sentem menos constrangidas.
Sem escolaridade, tudo parece ficar extraordinariamente mais difícil quando o assunto é trabalho – que já é dificultado a qualquer uma, independente de estudo, pelo grande preconceito do empresariado que, de um modo geral, não quer em seu quadro de funcionários pessoas que a sociedade associa ao crime, ao errado, ao que se deve evitar.
Também é preciso lembrar as mais de cem vítimas travestis e transexuais que morreram em 2013 em função da transfobia generalizada por todo o país. Quem chorará pelas mortes delas? Mortas inclusive depois de mortas, já que a sociedade continuam a tratá-las pelo nome civil e pelo gênero masculino.
Inclusive, negar-lhes o gênero que exercem é corroborar a violência que sofrem ao serem expulsas de banheiros femininos, como se no masculino estivessem mais protegidas das agressões e estupros.
Dado esse panorama, fica agora esclarecido que nesse dia da visibilidade trans, o que se almeja é que esses cidadãos e cidadãs tenham suas necessidades respeitadas e conhecidas. E, que essa visibilidade se estenda para os demais dias do ano, já que ser travesti ou transexual é todo dia e, todo dia é dia de respeito e empatia pelo outro.
O papel da Secretaria de Cidadania e Assistência Social, segundo afirma a Secretaria Wiviane Tiberti, é direcionar o olhar para as minorias marginalizadas, não existem cidadãos de primeira ou de segunda classe, todos são seres humanos e todos devem receber proteção e tutela do Estado, dessa forma, visando a ressocialização e o resgate da dignidade do indivíduo, oferece diversos programas de atenção básica, inclusive programas de profissionalização e de assistência social.
A Secretaria de Cidadania, por meio da Divisão de Políticas para a Diversidade Sexual, realizou em novembro de 2013, a Semana da Diversidade Sexual, abordando diversos temas relacionados a travestilidade, fazendo com que toda a sociedade tenha um olhar mais próximo, aprenda a dialogar e adquira conhecimento sobre esse universo. Esteve presente durante os eventos da Semana da Diversidade, o psicólogo e autor do livro “Viagem Solitária”, João W. Nery, que também foi o primeiro trans homem do Brasil.
De acordo com Angela Lopes, Chefe da Divisão de Políticas para a Diversidade Sexual, a sociedade precisa exercer um olhar mais humanizado para essas pessoas, considerando que são seres humanos, sua identidade sexual e condição sexual não deve ser justificativa para tratamento desrespeitoso e violento. A família exerce papel fundamental na vida e no futuro dessas pessoas. A família deve acolher, respeitar e amar, com isso irá fornecer-lhes bagagem “moral” para trilhar uma vida menos sofrida e com mais proteção e dignidade.
Texto – Angela Lopes
(23/01/2014) Compartilhe essa informação |