RELATÓRIO FINAL SOBRE A SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DE SÃO CARLOS |
COMUNICADO À IMPRENSA E À POPULAÇÃO DE SÃO CARLOS SOBRE DUAS MORTES DE PESSOAS OCORRIDAS NO COMEÇO DE SETEMBRO DE 2011
Conforme veiculou na imprensa, no dia 08 de setembro de 2011 aconteceram duas mortes de pessoas na cidade, no mesmo dia, por uma doença febril aguda desconhecida naquele momento. Imediatamente a Secretaria Municipal da Saúde instituiu um Comitê Especial de Investigação Epidemiológica para compreensão do ocorrido e para a tomada de medidas adequadas para prevenção de novos casos e o tratamento adequado de quem viesse a adoecer de forma semelhante. Esse Comitê é formado por especialistas que atuam em São Carlos e, a partir do dia 12/09/11 tem contado com a colaboração de dois investigadores do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo para o trabalho de campo, bem como do Laboratório Adolfo Lutz para os exames necessários. Nas primeiras 24h do ocorrido, dia 10/09/11, o Comitê concluiu que: - A doença que havia levado as pessoas à morte se transmite de uma pessoa a outra por meio de gotículas de ar e saliva que sai da boca ou nariz de uma e entra na boca ou nariz de outra; - Essa transmissão depende de contato íntimo ou prolongado, principalmente no ambiente do próprio lar; - Entre ter contato com alguém doente e ficar doente, demora, no máximo, uma semana; - Complicações graves podem ocorrer a partir do quinto dia de início da doença; - Doentes com até uma semana de início dos sintomas são os que tem maior chance de transmitir a doença; - Aglomerações de pessoas em lugares fechados aumenta o risco de transmissão; - Os sintomas começam com dor de garganta, febre, dores pelo corpo, mal-estar, desânimo e algumas pessoas apresentavam manchas vermelhas em todo o corpo. Essa descoberta foi imediatamente divulgada a todos os serviços e profissionais de saúde de São Carlos para que ficassem alerta e providentes em relação ao surgimento de pessoas com sintomas suspeitos e ajudassem a divulgar as medidas preventivas. A investigação continuou e, em 18/09/11 chegou-se à conclusão que a doença era Síndrome do Choque Tóxico Estreptocócico por uma bactéria chamada Streptococcus pyogenes. Essa bactéria comumente causa doenças na pele, nariz, ouvido, garganta, traquéia ou pulmões e, na maioria das vezes, evolui para cura desde que receba atendimento médico adequado. Entretanto, alguns tipos de Streptococcus pyogenes podem ser mais agressivos e provocarem doenças mais graves que podem, inclusive, levar à morte. Esse tipo de complicação depende não só da agressividade da bactéria, mas, também de como o organismo da pessoa se organiza para se defender da infecção. Assim, algumas pessoas podem ter a doença e curarem-se sozinhas, outras dependem de ter que tomar antibióticos e outras podem morrer, mesmo recebendo tratamento correto. Não é comum acontecer complicações e morte, mas, já aconteceram vários surtos restritos a recintos definidos (entre moradores da mesma casa, entre conviventes muito próximos, etc.) pelo mundo afora, alguns levando à morte de uma ou mais pessoas dentro do mesmo ambiente restrito. Epidemias de pequenas proporções de infecções por Streptococcus pyogenes podem acontecer como a exemplo da escarlatina (dor de garganta, febre, manchas vermelhas pelo corpo e na língua, comum em crianças), mas, evolução para Síndrome do Choque Tóxico Estreptocócico e morte é uma ocorrência rara e não epidêmica. O Comitê Especial de Investigação Epidemiológica já publicou cinco edições do Relatório Seqüencial sobre a Investigação da Síndrome Febril Aguda em São Carlos, no qual constam atualizações cotidianas e detalhadas sobre a doença, sua prevenção, seu tratamento e sobre a organização do sistema de saúde para atendimento de pessoas com sintomas suspeitos. Desde então várias pessoas com sintomas suspeitos foram observados na cidade. Todos, até o momento, evoluíram para cura. Além dos dois primeiros casos de morte divulgados pela imprensa no começo de setembro de 2011, não houve nenhuma morte até hoje devido ao problema identificado. O mais importante é que as pessoas tomem os seguintes cuidados: - Tenham muita higiene com as mãos e utensílios; - Evitem levar as mãos à boca, olhos ou nariz, sem antes lavá-las muito bem com água corrente e sabão ou sabonete; - Não se aglomerem em lugares fechados; - Mantenham os ambientes ventilados. Se estiver frio, agasalhar, mas, não impedir a ventilação; - Não compartilhem toalhas de rosto ou outros artigos de uso íntimo pessoal, principalmente com alguém com sintomas gripais; - Não usem medicamentos sem receita médica, principalmente antiinflamatórios, porque alguns desses medicamentos podem ajudar a piorar a doença por Streptococcus pyogenes ou esconder alguns sintomas dificultando o diagnóstico do médico; - Procurem orientação médica se necessário. Secretaria Municipal da Saúde de São Carlos, 27/09/11. Documento Original (28/09/2011) Compartilhe essa informação |