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Parceria entre Prefeitura e UFSCar beneficia catadores.
   PREFEITURA SERÁ RESPONSÁVEL PELA CONSTRUÇÃO DE UM GALPÃO Dona Matilde dos Santos Diniz vive em uma casa do bairro Santa Angelina com o marido Valdecir e a mãe Joana, de 93 anos. Com orgulho, a mulher conta que trabalha como catadora de recicláveis há 10 anos. Com uma renda média mensal de R$ 250, ela consegue pagar as prestações do terreno onde construiu sua casa e ajuda o marido, que trabalha como serviços gerais, nas despesas de casa. As garrafas plásticas, os metais e as latinhas de alumínio ficam amontoados no pequeno espaço do quintal de aproximadamente 5m². “Se tivesse um local adequado seria bem melhor e nós não precisaríamos dividir o espaço de casa com esses materiais”, acredita. A situação de Matilde é vivida por outras 200 pessoas do Santa Angelina. Basta andar pelo bairro e verificar nos quintais de várias casas enormes sacos com os recicláveis. Por isso, a Prefeitura e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) firmaram parceria com o intuito de melhorar a qualidade de vida e aumentar a renda dos catadores de lixo reciclável da região dos bairros Santa Felícia e Santa Angelina. A intenção do município e da universidade é construir um galpão para que os catadores que trabalham na informalidade guardem o material coletado deixando, assim, de armazenar esse material em espaços inapropriados, o que pode provocar inúmeras doenças. A idéia é que cada catador possua uma baia no futuro galpão para guardar os recicláveis, mas o próximo passo é estimulá-lo a vender os produtos coletivamente, aumentando o poder de ganho perante os comerciantes de sucatas e materiais do gênero. Segundo o diretor do Departamento de Apoio à Economia Solidária da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável, Ciência e Tecnologia, Reynaldo Sorbille, a detecção dessa necessidade partiu de reuniões do OP (Orçamento Participativo). Os catadores informais pleiteavam um local para o depósito dos produtos recolhidos nas ruas e doados por inúmeras famílias. A Prefeitura e a UFSCar se tornaram parceiras para contemplar o pedido dos catadores, sendo elaborado um projeto, que posteriormente foi enviado ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). A proposta foi enviada ao órgão no final de 2005 e em abril de 2006 houve a liberação de R$ 130 mil, que serão utilizados para a compra de equipamentos como balanças e prensas, instalação elétrica, capacitação dos catadores e pagamento de bolsistas. A Prefeitura irá se responsabilizar pela construção do espaço, que deverá ser entregue aos coletores de recicláveis até o primeiro semestre de 2008. “Essa é uma luta de dois anos, que não termina com a construção do galpão. O próximo passo é trabalhar no sentido de capacitar essas pessoas para melhorar a qualidade do trabalho delas”, disse Sorbille. “No futuro, quem sabe, podemos estimulá-los a formar uma cooperativa, visto que no cooperativismo eles podem aumentar a renda e o poder de negociação em relação aos produtos coletados”, completou. A autora do projeto enviado ao CNPq foi a bióloga e coordenadora executiva do projeto desenvolvido pela UFSCar, Carla Polaz. Ela concorda que o trabalho alternativo é uma das poucas opções dos moradores do Santa Angelina. “É um bairro carente e devemos sim apoiá-los com o intuito de melhorar a renda deles por meio da reciclagem, que tem se tornado uma solução para amenizar tantos problemas ambientais”, acredita. Segundo o Ministério do Trabalho, a profissão de catador é reconhecida desde 2001, mas existe informalmente há pelo menos 50 anos no Brasil. Estima-se que no país existam de 500 a 800 mil catadores de material reciclável, sendo que 80% deles vivem sem trabalho digno. “A Prefeitura e a UFSCar estão preocupadas com a humanização do trabalho dos catadores. Com a experiência do projeto do Santa Angelina, no futuro esperamos atender outras regiões da cidade, que abrigam uma quantidade significativa de catadores”, esclarece Sorbille. (06/09/07) |
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