» ENCONTRO REÚNE A JUVENTUDE NEGRA DE SÃO CARLOS PDF Imprimir E-mail



Foi um evento simples, com poucas autoridades e personalidades, mas que conseguiu dar “mais um passo para ajudar a construir a consciência negra em São Carlos”, disse um dos participantes do Encontro da Juventude Negra de São Carlos, que aconteceu no sábado, dia 12, na Escola Estadual “Arlindo Bittercourt”. Organizado por jovens negros, o encontro contou com o apoio da Seção de Combate ao Racismo e à Discriminação da Secretaria de Cidadania e Assistência Social da Prefeitura e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos e Ibaté.

O chefe da Seção de Combate ao Racismo da Prefeitura, Paulo César Ramos, esteve durante todo dia participando da programação, e a secretária municipal Especial de Infância e Juventude, Rosilene Mendes dos Santos, também prestigiou o evento. Os participantes puderam contar com uma palestra do professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Valter Roberto Silvério, do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB), sob o tema “Movimento Negro e Políticas de Ação Afirmativa”.

Antes da palestra, o professor Silvério comentou a importância de um encontro que reúne o debate político, marcado pelas discussões das ações afirmativas, educação e mercado de trabalho, com o debate estético, que demonstra a cultura afro-brasileira por meio de danças, teatro, músicas e demais manifestações. “Nada mais apropriado que a juventude negra esteja organizada há alguns anos com essa estrutura que vincula estética e política”, comenta, referindo-se às discussões que se iniciaram no país com a Constituição de 1988, quando começaram a ser tratadas as políticas de inclusão.

Ainda de acordo com o pesquisador da UFSCar, o movimento dos negros no interior do Estado de São Paulo existe há alguns anos, mas com a participação dos estudantes secundaristas é recente, cerca de três anos. “O objetivo principal desse encontro é fazer com que os participantes, negros e brancos, saiam com elementos e argumentos para enfrentar os debates do dia-a-dia”, disse o jovem pesquisador do NEAB da UFSCar, Danilo de Souza Morais. Durante sua fala, ele chamou os jovens, que já concluíram o ensino médio, a prestarem o vestibular da UFSCar, que a partir do próximo ano terá uma cota para negros. “Precisamos preencher esse espaço”, enfatizou.

Entre um debate e outro, um jovem sobe em uma cadeira, começa a falar coisas estranhas, complicadas de serem entendidas por todos. Poucos minutos depois, o discurso parece tão familiar, fala de escravidão, Lei Áurea, Lei do Ventre Livre e Lei do Sexagenário. O que está ocorrendo é a performance “Quilombos do Século 20”, apresentada por David Narciso, do Grupo Ciranda Cultural da Secretaria Municipal de Educação e Cultura. “A direção é de Vivian Pereira”, faz questão de registrar o jovem ator negro.

Enquanto o evento formal ocorria em uma parte do pátio da escola, um grupo praticava dança de rua em outra – adolescentes fazendo “as manobras” eram assistidos pelas crianças, que ensaiavam uns passos ou piruetas ou ainda cambalhotas, como preferirem. Também foram discutidos outros temas, como segurança e juventude negra, a questão da mulher negra, o resgate histórico e cultural como forma de resistência e jovens negros e negras no mercado do trabalho.

Ações
Em 2001, primeiro ano da administração do prefeito Newton Lima, a Prefeitura de São Carlos se envolve com o tema de Política de Promoção e Igualdade Racial, criando a Seção de Combate ao Racismo e à Discriminação e, posteriormente, a Assessoria de Educação Étnico-Racial. Em 2004, a Prefeitura assina o termo de Adesão ao Acordo de Cooperação Técnica da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Presidência da República. O termo é assinado pelo prefeito Newton Lima e pela ministra Matilde Ribeiro. Esse convênio foi firmado apenas com as capitais e com os municípios que dispunham de órgãos de promoção de igualdade racial.

Todas as ações iniciadas em 2001 tiveram um desfecho em novembro de 2006, quando o município abriu o ano do Sesquicentenário com a inauguração do primeiro espaço público municipal, o Centro Municipal de Cultura Afro-Brasileira “Odette dos Santos”. Logo depois foi empossado o Conselho Municipal da Comunidade Negra, criado pela Lei Municipal nº 13.679/05. Ainda naquele mês a comunidade afro-descendente foi homenageada com a Festa das Nações e diversas atividades que marcaram o Dia da Consciência Negra.

(14/05/07)
 
 

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