» LEVANTAMENTO APONTA QUE SÃO CARLOS NÃO TEM MOSQUITO-PALHA |
A Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), com o apoio da Equipe de Controle de Vetores da Vigilância Epidemiológica, realizou nos meses de janeiro e fevereiro deste ano um levantamento entomológico de vetores de Leishmania nas áreas urbanas de São Carlos, integrante do Departamento Regional de Saúde de Araraquara – DRS III. A cidade foi escolhida pela Diretoria de Combate a Vetores (DCV) do nível central da Sucen, levando-se em conta o tamanho e a importância como pólo regional, bem como a proximidade com outras cidades onde ocorre a transmissão da Leishmaniose Visceral Americana (LVA) no Estado. De acordo com o programa de controle da LVA, São Carlos está classificada como silenciosa (sem transmissão), não receptivo (sem a presença confirmada do vetor) e vulnerável (pela proximidade com áreas e rotas de transmissão). O levantamento entomológico teve por objetivo mostrar a presença ou ausência do inseto Lutzomyia longipalpis e também fornecer informações sobre sua distribuição. Foram instaladas 44 armadilhas luminosas automáticas com coletores em todas as regiões da cidade para saber se São Carlos possuía o mosquito-palha, vetor da Leishmaniose Visceral Americana (LVA). A avaliação da distribuição do vetor permite identificar por amostragem os setores de risco, ou receptivos, nos quais as medidas de vigilância e controle deverão ser intensificadas. A Secretaria Municipal de Saúde avalia o levantamento entomológico como satisfatório porque São Carlos é considerado um município vulnerável pela proximidade com área e rota de transmissão da doença, mas não foi encontrada a espécie a Leishmania que causa a leishmaniose visceral (leishmaniose grave com risco de morte). “No entanto, a cidade tem que estar alerta, pois esse é um trabalho por amostragem. Nós somos considerados como vulneráveis sem transmissão, e a Vigilância Epidemiológica tem que continuar o desenvolvimento de ações preventivas, com um trabalho de monitoramento contínuo nos ambientes e no controle da população canina em parceria com a Secretaria Municipal de Agricultura. A promoção à prevenção é fundamental no controle de todas as zoonoses, sejam elas dengue, raiva, leishmania”, alerta Marilda Siriani de Oliveira, diretora do Departamento de Atenção Básica. Saiba mais sobre a doença A instalação das armadilhas foi feita nas residências onde existem amplos quintais sombreados, ricos em matéria orgânica em decomposição, como folhas e frutos, e também com animais domésticos. Os flebótomos, vetores da LVA, de hábito noturno, vivem em ambientes de solo sombreado e úmido, diferente do mosquito da dengue, que se reproduz em água parada. Na área urbana, o cão é o principal reservatório da leishmaniose visceral. O mosquito palha transmite a doença ao homem somente após picar o animal contaminado. Como se manifesta No ser humano, a doença pode se manifestar de forma grave e até levar a óbito se não for diagnosticada e tratada em tempo oportuno. Infelizmente não há tratamento eficaz para o cão doente. A leishmaniose visceral é transmitida pelo mosquito flebótomo infectado pela leishmania, protozoário que causa a doença. O mosquito se alimenta do sangue de animais silvestres e, ao picar alguns mamíferos, pode infectá-los, transformando-os em reservatórios da doença. Com a modificação do meio ambiente, causada pelo desmatamento, o homem passou a ter contato com o mosquito. Após a picada, a doença pode levar até um ano para se desenvolver. Os principais sintomas são febre, emagrecimento, aumento do fígado e do baço e falta de apetite. Atualmente, a leishmaniose visceral é encontrada em 19 Estados das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, sendo que 90% dos casos estão no Nordeste do país. Crianças desnutridas e que vivem em bolsões de pobreza, com sistema imunológico vulnerável, têm mais possibilidade de desenvolver a doença. Calcula-se que 65% dos doentes de leishmaniose sejam crianças. Bauru é uma das cidades mais próximas a São Carlos onde há casos confirmados de LVA. Outras cidades da região oeste do Estado de São Paulo, como Araçatuba, por exemplo, também têm registrado casos desde 1999. (09/05/07) |