» EXPOSIÇÃO TRAZ REPRODUÇÕES DE MAPAS COM ROTAS PORTUGUESAS PDF Imprimir E-mail



Será aberta às 19h30 desta quinta, dia 19, no Centro Municipal de Cultura Afro-Brasileira “Odette dos Santos” (rua Dona Alexandrina, 844), a mostra “As viagens portuguesas e o encontro de civilizações”. Na abertura, o professor Mário Mucheroni, diretor da Associação Brasileira de Sommeliers São Carlos, falará sobre vinhos portugueses, abordando sua qualidade e diversidade.

A exposição faz parte das atividades programadas pela Prefeitura para comemorar os 150 anos de São Carlos e, durante o mês de abril, homenagear a comunidade luso-brasileira pela sua participação na formação e desenvolvimento da cidade. A entrada é franca e a visitação pode ser feita de terça a sexta das 13h às 20h, aos sábados das 13h às 18h e aos domingos das 10h às 17h, até 27 de maio.

A exposição é composta por trinta painéis com reproduções de mapas históricos das rotas portuguesas, fotos, desenhos, fac-similes de documentos, além de textos explicativos, elaborados pela Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. O conjunto apresenta um amplo panorama dos feitos portugueses, viagens marítimas de longo curso e procura dos países orientais e suas riquezas.

Os painéis foram cedidos para exibição ao público pelo Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC / USP), que os recebeu em doação da Cátedra Portuguesa do Instituto de Altos Estudos da USP, e estão sob a guarda do Prof. Dr. Azael Rangel Camargo, que tem realizado estudos com o material. A mostra tem o apoio cultural da Aliança Francesa de São Carlos, que fez a tradução dos textos originais.

Palestra
O ciclo de palestras programado para o mês dedicado à cultura portuguesa continuou na noite de terça, dia 17, quando o Prof. Dr. Oswaldo Truzzi, da Universidade Federal de São Carlos, falou sobre “Uma experiência pioneira: imigrantes portugueses na Colônia de Nova Lousã, no interior paulista”. Ele apresentou uma síntese de sua pesquisa histórica sobre a Colônia de Nova Lousã, entre Mogi Mirim e Espírito Santo do Pinhal, estabelecida pelo português João Elisiário Camargo Montenegro, que em pleno regime escravagista foi um dos pioneiros na importação de mão-de-obra européia.

Nascido em Lousã, nas proximidades de Coimbra, Montenegro veio ao Brasil com 18 anos em 1840. Trabalhou como caixeiro-viajante, atividade em que fez fortuna. Retornou depois à cidade natal em Portugal, onde foi benemérito, realizando entre outras obras a construção da Santa Casa e da biblioteca pública. Convencido de que o Brasil era o país das oportunidades, adquiriu terras e fundou aqui em 1867 a colônia agrícola de Nova Lousã, trazendo 29 compatriotas recrutados nas cercanias de Lousã.

O fazendeiro contrariava as concepções dominantes na época: era abolicionista e não gostava do sistema de parcerias, preferindo pagar salários aos colonos. Com uma visão empresarial avançada até para os dias de hoje, criou regimento administrativo na colônia, aprovado em assembléia pelos empregados, listando direitos, deveres e multas aos transgressores das normas. A preocupação com a convivência harmônica no local é evidenciada pelo fato de a multa mais pesada, equivalente a um mês de salário, corresponder a “dar pancadas em qualquer pessoa dentro da fazenda”.

Os multados podiam, com o endosso de três companheiros de trabalho, apelar da multa para uma assembléia de colonos. O total arrecadado em multas era repassado a uma caixa de beneficência. Para estimular os colonos a se fixarem na fazenda havia como prêmio uma viagem de ida e volta a Portugal após seis anos de trabalho. Quando a fazenda foi vendida, em fevereiro de 1888, tinha cerca de duzentos colonos. Montenegro fixou-se em Espírito Santo do Pinhal, onde morreu em 1915.

Oswaldo Truzzi, doutorado em Ciências Sociais, tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia das Migrações, das Organizações e do Trabalho, atuando principalmente nos temas História Social da Imigração, Sociologia do Trabalho e das Organizações. Ele revelou que tomou conhecimento das experiências de Montenegro por acaso, ao pesquisar as suas próprias origens familiares, originando o trabalho que realizou posteriormente em conjunto com Ana Sílvia Volpi Scott. A bisavó de Oswaldo Truzzi, Ana, então com 12 anos, veio com os pais de Lousã em 1867, integrando o grupo dos 29 colonos pioneiros.

(18/04/07)
 
 

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