» ATO PÚBLICO COMEMOROU O DIA CONTRA A DISCRIMINAÇÃO RACIAL |
Na terça, dia 20, no auditório da Embrapa, um Ato Municipal promovido pela Prefeitura lembrou o Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, que é comemorado nesta quarta, 21 de março. O prefeito Newton Lima abriu o evento, do qual fizeram parte o vice-prefeito e secretário de Desenvolvimento Sustentável, Ciência e Tecnologia, Emerson Pires Leal, as secretárias municipais Fátima Piccin (Cidadania e Assistência Social), Rosilene Mendes dos Santos (Infância e Juventude) e Géria Montanari (Educação e Cultura), o chefe da Seção de Combate ao Racismo e à Discriminação Paulo César Ramos, o presidente da Câmara Municipal, vereador Edson Fermiano, e Lúcia Maria Assunção Barbosa, representando o reitor da UFSCar. Participaram do ato, jovens do movimento negro são-carlense, estudantes de Direito da Unicep, alunos dos cursinhos populares, de pessoas ligadas à Justiça e dos vários segmentos da sociedade que lutam pela igualdade racial. Os palestrantes convidados, Milton Barbosa, militante do movimento negro desde a década de 70 e fundador do Movimento Negro Unificado, e Celso Martins Fontana, advogado de entidades do Movimento Negro há mais de 20 anos e membro do SOS Racismo da Assembléia Legislativa de São Paulo, enfocaram o tema “Crimes de Racismo, Racismo Institucional e a Luta pela Implementação de Ações Afirmativas”. “As lembranças de discriminações passadas não se apagam com o tempo, já que a discriminação, em formas diferentes, ainda afeta os direitos e a dignidade das pessoas e de comunidades inteiras. A prática de “limpeza étnica”, racismo, estigmatização de minorias, povos indígenas e trabalhadores migrantes faz parte de nossa vida diária. Nossa responsabilidade, mais do que nunca, é prevenir e combater essa prática”, relatou o palestrante Milton Barbosa. Já Celso Martins Fontana falou do trabalho como pesquisador do acervo histórico da Assembléia Legislativa de São Paulo. “Fiz uma pesquisa sobre a exclusão de parlamentares negros nas casas legislativas e percebi que, embora poucos tenham sido eleitos, eles tiveram uma trajetória dignificadora da representação popular, e todo esse trabalho está na publicação Os Negros na Assembléia, que eu trouxe hoje aqui para mostrar a importância de se aumentar a representação tanto nas câmaras de vereadores como nas casas legislativas, para melhorar a qualidade da discussão política, a qualidade da produção de leis e a fiscalização”, afirmou. Para o professor da Unicep, Renato Cássio Soares de Barros, o evento colabora para a formação dos estudantes de Direito. “Essa discussão leva o estudante à realidade social, às questões em discussão no momento, questões históricas e filosóficas do racismo, e também leva esses alunos a refletirem sobre as normas jurídicas que combatem a desigualdade social, a discriminação e o racismo”, disse. Fátima Piccin lembrou que o massacre de Sharpeville, ocorrido em 21 de março de 1960, que culminou com a morte de 69 pessoas que participavam de uma manifestação pacífica contra o apartheid, foi um movimento decisivo na luta contra o racismo, e que o Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial relembra essas vítimas e faz com que toda a sociedade reflita sobre os avanços nessa área e na questão das políticas afirmativas. Newton Lima afirmou que a construção da cidadania passa pela erradicação de qualquer tipo de discriminação, seja por idade, por sexo ou raça. “Por isso, desde 2001 fazemos um trabalho de combate à desigualdade, criamos a Seção de Combate ao Racismo e à Discriminação e também a Assessoria de Educação Étnico-Racial na Secretaria de Educação e Cultura, trabalhamos em conjunto com a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, criada pelo governo do presidente Lula para reparar a dívida social que esse país tem com os afro-descendentes”, afirmou. O prefeito finalizou lembrando a criação do Centro de Cultura Afro-Brasileira. “Inauguramos o Centro Municipal de Cultura Afro-brasileira Odette dos Santos, para fortalecer e mostrar a cultura daqueles que sempre contribuíram com a construção e com as conquistas do nosso país. Quero deixar claro que o poder público em São Carlos sempre apoiará ações que combatam o racismo e qualquer forma de discriminação, trabalhando sempre na construção de políticas públicas afirmativas”. Anemia falciforme As secretarias municipais de Saúde e de Cidadania e Assistência Social da Prefeitura, em parceria com a APAE/SP, realizaram um trabalho pioneiro no Estado de São Paulo para cidades acima de 200 mil habitantes: o mapeamento para detecção da anemia falciforme. A campanha teve como público-alvo toda a população a partir dos cinco anos, principalmente pessoas da raça negra, cuja incidência da doença ocorre com mais freqüência. Foram detectados 441 portadores de traço falciforme e 3 doentes falciformes. A recomendação do Ministério da Saúde é de um portador de anemia falciforme para cada 4 mil habitantes e um doente para cada 2,5 mil pacientes. (21/03/07) |