» ROSA E MARROM PDF Imprimir E-mail

Mostra destaca a contribuição da comunidade negra.

Palestra de Alexandre Bispo.Exposição Rosa e Marrom.
EXPOSICÃO PODE SER VISITADA ATÉ 15 DE ABRIL

Foi aberta na noite da sexta, dia 2, no Centro Municipal de Cultura Afro-Brasileira “Odete dos Santos”, da Prefeitura, a exposição “Rosa e Marrom – Gênero e Raça na Arte Contemporânea Brasileira”, que retrata a contribuição da comunidade negra para o país. Os trabalhos que compõem a mostra são das artistas Glaucea Britto, Renata Felinto, Sarah Rute Barboza e Solange Ardila. O evento contou com a presença da secretária municipal de Cidadania e Assistência Social, Fátima Piccin, da diretora do Departamento de Cultura, Telma Olivieri, do chefe da Seção de Combate ao Racismo da Prefeitura, Paulo César Ramos, e de representantes da comunidade negra de São Carlos.

Na abertura, houve uma mesa-redonda com o pesquisador e educador do Museu Afro Brasil, Alexandre Bispo, sobre o tema da exposição. Bispo destacou a importância de um espaço como o do Centro de Cultura Afro-Brasileira. “Espaço como este aqui de São Carlos eu ainda não conheço no interior de São Paulo. O fato de ter esse espaço, e que leva o nome de uma mulher negra, tem um significado muito grande para a comunidade”, enfatizou.

Para Telma Olivieri, a exposição Rosa e Marrom contempla os objetivos do Centro Cultural, e um deles é o de valorizar o trabalho da mulher, em especial da mulher negra, e que produz arte contemporânea. “Toda a discussão que vai haver durante a exposição coletiva, inclusive a mesa-redonda da abertura, pretende debater a arte contemporânea brasileira”, revelou.

Duas palestras estão programadas para exposição: no dia 17 deste mês, Maria Aparecida Lopes, doutoranda em História pela Unesp/SP, vai abordar o tema “A mulher negra e a estética no século XX”, e no dia 24, a palestra “A mulher nos mitos de origem iorubá” será ministrada por Vanicleia Silva Santos, doutoranda em História pela USP/SP. As duas palestras serão realizadas a partir das 15h no Centro Municipal de Cultura Afro-Brasileira “Odette dos Santos”.


Rosa e Marrom
A cor rosa usada cultural e costumeiramente para referir-se ao sexo feminino reafirma ironicamente esse suposto lugar de fragilidades, de ausência de expressão política, da limitação aos afazeres domésticos, da delicadeza da menina. Mas dá um salto e não aceita somente esse lugar. A cor marrom pesando inteligentemente sobre a noção de raça, de etnia, traça também em tom irônico uma reflexão que desemboca na aparência cromática da pele, evocando senão os conflitos marcados no corpo, na construção das identidades, na expressão de desejos.

A exposição pode ser visitada no Centro de Cultura Afro-Brasileira “Odete dos Santos” (esquina das ruas Dona Alexandrina com 13 de Maio) até o dia 15 de abril, de segunda a sexta, das 13h às 20h, aos sábados das 13h às 18h e aos domingos e feriados das 10h às 17h.

Artistas
Sara Rute escolheu como material de trabalho a argila, elemento mítico que modelou a criação de grupos humanos inteiros. A flor ligada ao feminino, mas não exatamente à fragilidade feminina ou ao bebê, início do humano no caminho da vida. A auto-concepção, o ver-se a si mesma por meio da série de auto-retratos de Gláucia Britto, em que a artista se coloca numa situação antiga, não ordinária de uma São Paulo modernista, sozinha debaixo de um guarda-chuva. São delicadas impressões de xilogravura num total de quatro peças que remetem a uma noção cara da democracia moderna, que prevê tanto a individualização da pessoa quanto sua diluição no todo desconfortável e urbano.

Nos trabalhos de Solange Ardila o problema não é o universal, o auto-retrato, entendido como identidade, nem a sociedade como lugar de dominação, mas a imaginação erótica de Ardila que toma corpo em imagens de mulheres demarcadas por muita tinta sobre papel, metonimicamente fragmentadas, mas que remetem a um todo coerente que combina vermelhos, dourados e pretos formalizando um ponto de vista sobre a feminilidade, a autonomia sexual das mulheres, a sensualidade expressa, sobretudo no formalismo cromático do qual ela lança mão.

Renata Felinto, mestre em Artes Plásticas pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) com a tese “A escravidão africana na arte contemporânea” (2004), só para dar prosseguimento à reflexão sobre os retratos, nos propõe algo menos ingênuo, frágil, delicado ou individual; instaura um modo de entendimento na manipulação que faz de imagens fotográficas de sua família e de outras com as quais manteve contato. Em “A escola do esquecimento” ela propõe um ponto de vista para pensar sobre o processo de socialização da criança negra.

(06/03/07)
 
 

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