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Anunciada nesta semana pelo prefeito Newton Lima, a criação do Espaço Braille foi muito bem recebida pela comunidade de deficientes visuais da cidade. A proposta do local é tornar-se um centro de convivência para essa parcela da população, garantindo o acesso à informação, mobilidade e profissionalização. Cerca de 1.500 volumes em braile serão disponibilizados no local. O Espaço vai funcionar no antigo Laboratório Adolfo Lutz, no centro da cidade.

Ailton, Orlando, Josiane e Valdomiro.Lourdes Moraes, coordenadora do SIBI.Espaço Braille, ao lado da Prefeitura.
ESPAÇO BRAILLE: ALÉM DE BIBLIOTECA, CENTRO DE INFORMAÇÃO

O Espaço Braille, cuja criação foi anunciada na segunda, dia 22, pelo prefeito Newton Lima, está mexendo com toda a comunidade de deficientes visuais da cidade. Diversos setores da Prefeitura já receberam ligações de deficientes visuais agradecendo a novidade e até se propondo a trabalhar como voluntários no local, que promete proporcionar informação e convivência adequada a essa parcela da população. O Espaço Braille foi anunciado no mesmo dia em que o prefeito e o reitor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Oswaldo Baptista Duarte Filho, anunciaram a instalação da Universidade Aberta do Brasil (UAB), que oferecerá cursos semipresenciais.

Segundo a coordenadora do Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBI), Lourdes Moraes, o município deverá realizar um censo para conhecer a população portadora de deficiência visual. “Nós precisamos saber quantos são, a idade e a escolaridade”, observa Lourdes, que explica ainda não saber como esse censo será realizado, mas já está sendo planejado. “Muitas famílias escondem seus deficientes”, lembra Orlando Nunes de Andrade, que perdeu a visão aos 22 anos. Segundo Orlando, o deficiente visual que aprende a andar com a bengala e perde o medo de sair de casa costuma dar mais ‘trabalho’ para suas famílias, por isso muitas evitam socializá-lo.

O local pretende trabalhar com três elementos que são essenciais para os deficientes visuais: acesso à informação, mobilidade e profissionalização. “Ele será uma biblioteca convencional, mas também um Infocentro”, detalha Lourdes. Atualmente existe um conjunto de tecnologias de comunicação e informação que auxilia o deficiente visual, como os programas de computador Dosvox e Virtual Vision, capazes de transformar textos escritos em textos sonoros, além de permitirem a navegação na internet.

A mobilidade visa dar condições de locomoção ao deficiente visual, com cursos e orientações sobre o manuseio da bengala, por exemplo. “Tem gente que não sabe para que serve a bengala”, informa Ailton Alves Guimarães, irmão de Josiane e Valdomiro Alves Guimarães. Os três são portadores de deficiência visual. “A bengala é a única forma do deficiente visual se locomover sozinho”, explicam os irmãos Guimarães.

Questionados sobre a instalação de dois semáforos sonoros, anunciado pelo prefeito Newton Lima, no cruzamento da rua Conde do Pinhal com a Dona Alexandrina e com a avenida São Carlos, eles foram unânimes ao afirmar que isso é o ideal. “Aliás, seria bom mais semáforos”, diz Orlando, noivo de Josiane. De acordo com o secretário municipal de Transporte, Trânsito e Vias Públicas, Ricardo Meirelles, serão instalados outros semáforos sonoros. “Além desses dois, teremos a instalação de pelo menos mais oito semáforos sonoros na região central da cidade ao longo desse ano”, ressalta Meirelles.

Para Lourdes, o Espaço Braille poderá realizar parcerias e convênios e oferecer cursos que capacitem para a mobilidade. “Eles precisam exercitar o direito de ir e vir, e o Espaço Braille poderá ajudar”, observa. A coordenadora do SIBI salienta, entretanto, que o Espaço Braille não pode ser confundido com um local de alfabetização e ensino regular para deficientes visuais. “Isso já existe na Secretaria Municipal de Educação e Cultura, que é a Assessoria de Educação Especial”, argumenta.

O último elemento essencial para o deficiente visual e que o Espaço Braille visa trabalhar, é a profissionalização. “Todos eles querem uma profissão, e muitos empresários têm interesse em oferecer vagas, mas não sabem como”, diz Lourdes. O objetivo é oferecer cursos específicos, ou seja, assim que a demanda chega, desenvolve-se o curso, capacitando algumas pessoas. “Não adianta oferecer um curso de computação muito geral, é preciso oferecer algo específico, que realmente tenha utilidade para o exercício de uma profissão”, conclui a coordenadora do SIBI.

O Espaço Braille, que deve ser inaugurado em meados desse ano, possui uma impressora braile, que inclusive já imprimiu cardápios de diversos estabelecimentos da cidade. A leitura em braile é importante para o deficiente visual, pois é um momento individual com a leitura. Haverá uma sala especial para a impressora.

O SIBI também já reuniu cerca de 1.500 volumes em braile, que estão sendo separados e integrarão o Espaço. Os livros estavam distribuídos em escolas e diversos outros locais, o que dificultava o acesso. O acervo de livros em braile também é um problema para os deficientes visuais, pois o volume do livro é muito grande. A bíblia em braile tem 36 volumes que se empilhados ultrapassam 1,5 metro de altura. “O Espaço Braille vai abrir muitas portas para nós”, acredita Ailton. “Vai facilitar nossa vida”, comenta Josiane. “A informática é a revolução do mundo”, reflete Orlando. “Agora vou voltar a estudar braile”, planeja Valdomiro, que dos irmãos Guimarães é o único esportista.

Origem do Braile
De acordo com o dicionário Aurélio, “braile” significa “anagliptografia”, que por sua vez quer dizer “sistema de escrita em relevo inventado pelo francês Louis Braille (1809-1852), cego desde os três anos de idade, para os cegos lerem”.

(26/01/07)


 
 

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