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Alunos de medicina/UFSCar acompanham pacientes nas USF.

Paciente recebe cuidados dos alunos do
curso de Medicina.Aluno aprende a acompanhar rotina de
prescrição de medicamentos.Alunos acompanham consulta de paciente
com médico clínico da família.
ALUNOS DO CURSO DE MEDICINA JÁ ACOMPANHAM ROTINA DE ATENDIMENTO EM UNIDADES DE SAÚDE

O curso de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que tem por objetivo formar médicos generalistas aptos a atuarem no Programa de Saúde da Família (PSF) e no Hospital-Escola Municipal e completará no final de 2007 dois anos, deve a médio e longo prazos melhorar o atendimento na rede pública de saúde de São Carlos. O primeiro passo para isso foi dado já no primeiro ano do curso em 2006, quando os 40 alunos foram inseridos na prática da medicina aprendendo a valorizar o paciente com a humanização do atendimento.

Atendendo a necessidade de formação de jovens médicos para prestar assistência de maneira preventiva, um convênio firmado entre a UFSCar e a Prefeitura permite que os alunos acompanhem situações e rotinas de atendimentos dos pacientes em cinco Unidades de Saúde da Família (USF) do município, nos bairros Jockey Clube, Romeu Tortorelli, Jardim São Carlos, Jardim Gonzaga e Antenor Garcia, com cada aluno sendo responsável pelo acompanhamento de 10 famílias.

Entre os procedimentos realizados estão: entrevistas e conversa com os pacientes, discutindo necessidades de saúde ou patologias como hipertensão e diabetes, levantamento de dados antropométricos, análise de sinais vitais como temperatura, freqüência cardíaca e respiratória, aferição da pressão arterial, entre outros, tanto nas USFs quanto nas visitas domiciliares com as famílias sob responsabilidade de cada aluno.

É realizado ainda o exame físico geral de alguns grupos de pacientes, de acordo com a programação de cada unidade e a segurança de cada aluno, mas tudo supervisionado pelo médico preceptor (orientador do aluno) e professores facilitadores que analisam o desempenho de cada aluno.

As atividades, que contam com oito alunos em cada USF, são feitas durante três horas por dia, às terças e quintas-feiras, das 13h30 às 16h30. Às sextas-feiras, as ações são analisadas pelo facilitador (multiplicador de conhecimento) do curso que, quando necessário, também promove encontro com o preceptor (médico orientador responsável clinicamente) para trocarem informações sobre as atividades dos alunos nas unidades de saúde.

Curso na universidade – Na universidade, no bloco funcional os moldes aliados aos livros são peças importantes para os futuros médicos. No centro de simulação de práticas profissionais os alunos utilizam bonecos para massagens cardíacas e análises vitais.

Há também uma parceria com a rede municipal de saúde em todas as atividades conjuntas, oficinas de trabalho, pensando o cuidado da saúde com a avaliação e construção da competência e especialidade do médico a ser formado. Uma integração entre teoria e prática usando uma abordagem construtivista no processo de ensino e aprendizagem e articulando ensino, pesquisa e extensão na construção de novos saberes, significados e conhecimentos.

Para o secretário municipal de Saúde, Dirceu Barbano, “eles vêm para o sistema municipal de saúde para fazer o acompanhamento do atendimento dos pacientes, estudando medicina a partir da realidade dos quadros de saúde apresentados”.

Para o aluno Vicente de Alencar, desenvolver atividade prática na USF do Jockey Clube no primeiro ano do curso é muito importante. “A gente entra em contato com o trabalho do médico, vive a realidade, o que muitas vezes surpreende a gente, por tratar de várias situações. Nós estabelecemos vínculo de consenso com as famílias e com os pacientes, o que acaba sendo muito valioso e um grande estímulo”.

César Seiji Setoue, outro aluno, diz que “há uma contextualização do conhecimento teórico que a gente aprende na universidade”. Carla Carolina Villas Boas enfatiza que “no primeiro ano, nós já aprendemos os sinais vitais, temperatura, freqüência cardíaca e respiratória, aferição da pressão arterial e dados antropométricos. Isso nós já estamos aptos a desenvolver aqui na USF e também nas visitas domiciliares às nossas famílias de acordo com a programação e a segurança de cada aluno”.

Já José Luis Teixeira reforça que “nas visitas domiciliares, se identifica a necessidade de saúde do paciente englobando famílias distintas que têm acamados, acidente vascular cerebral (AVC), hipertensão, diabetes, diversas patologias, independente de qual seja. Nós entramos em contato com essas famílias, que passam a ser o alvo do nosso estudo, com tudo organizado ou orientado pelo médico preceptor”.

O aluno lembra que são abordados aspectos psicossocial e bio-psicossocial do paciente com integralidade do cuidado envolvendo todas as dimensões de cuidado, com equipe multiprofissional dentro da unidade de saúde, englobando os nossos preceptores e facilitadores dentro do curso de medicina. “Nós aprendemos a trabalhar em equipe utilizando todos os meios de saúde pensando na integralidade do cuidado do paciente”, explica.

Às sextas-feiras, de acordo com os alunos, há um encontro na universidade para fazer um balanço das atividades que ocorreram durante a semana ou mesmo do registro feito dos pacientes, apontando necessidades para discussões e elaboração do plano terapêutico.

Para o dr. Ed Carvalho, clínico da família e preceptor dos alunos na USF do Jockey Clube, a receptividade do paciente ao trabalho dos alunos tem sido boa: “Eles têm acompanhado algumas famílias e não tive nenhum dado de alguma família que estivesse insatisfeita com a atuação deles. Há sim elogios à presença deles ali”.

O médico frisa, entretanto, que os alunos atuam como seus auxiliares no tratamento das famílias, trazendo a problematização que às vezes só é identificada durante as visitas residenciais e conhecendo algumas situações de risco ou problemas que na consulta na USF o médico não fica sabendo. “As pessoas que moram numa casa que tem um animal, por exemplo, com convivência interna, com quintal de terra, muitas vezes esses pacientes têm problemas de saúde relacionados com sua qualidade de vida. Em cima disso, nós traçamos alguns planos para tentar intervir positivamente nessa realidade e melhorar a qualidade de sua saúde”, diz Carvalho.

O trabalho como preceptor, de acordo com o médico, funciona no sentido de orientar a construção do conhecimento que os alunos vão adquirindo ao longo do curso. “Eu faço essa ponte entre o conhecimento teórico pela faculdade e a prática aqui na unidade, mas a decisão clínica e a responsabilidade médica são sempre do médico preceptor que supervisiona o atendimento do aluno”, reforça.
A coordenadora do curso de medicina da UFSCar, Valéria Vernaschi Lima, ressalta que haverá uma qualificação do SUS nesta parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde e a UFSCar: “No curso você junta teoria com a prática e isso causa um impacto na aprendizagem muito especial. A retenção do conhecimento é maior, o significado do aprendizado é ampliado e esse vínculo com a comunidade do aluno dá uma noção de como será a carreira depois de formado”.

Atualmente os alunos do curso de Medicina da UFSCar se encontram em período de férias, devendo retornar às aulas e atividades nas USFs a partir do dia 5 de março.

(19/01/07)

 
 

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