» OUTUBRO É DEDICADO AO LIVRO E AO ESTÍMULO À LEITURA |
Lourdes de Souza Moraes. Homenagem a Mario Quintana. Nesta segunda, dia 2, terá início a “Estação Leitura”, evento promovido pela Prefeitura que tem como objetivo o fomento ao livro e o estímulo à leitura, comemorando a Semana Nacional do Livro e da Biblioteca. A Estação Leitura é realizada durante todo o mês de outubro e a edição deste ano homenageia o centenário de nascimento do escritor Mario Quintana. A 1ª atividade será na manhã de segunda, às 10h, na Praça Coronel Paulino Carlos de Arruda Botelho (em frente à Catedral), quando o grupo teatral da entidade civil Ramudá encenará a peça “Cadê o quinto”, com temática relacionada à defesa do meio ambiente e à campanha “São Carlos Contra o Fogo!”, que busca conscientizar a comunidade para os perigos e transtornos provocados pelas queimadas urbanas. A programação traz ações educativas em toda a rede municipal de ensino, apresentações de grupos teatrais e de contadores de histórias para o público e nas Escolas do Futuro, feira de livros e três dias de Barganha Book. A “Estação Leitura” é resultado de um trabalho conjunto da Secretaria de Educação e Cultura, Sistema Integrado de Bibliotecas do Município de São Carlos (Sibi), Departamento de Artes e Cultura e Fundação Pró-Memória, contando ainda com a parceria da Biblioteca Comunitária da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e com o apoio da Universidade Aberta da Terceira Idade (UATI), da Fundação Educacional São Carlos (FESC). Lourdes de Souza Moraes, diretora do SIBI, explica que “o incentivo à leitura passa por vários estágios essenciais e um deles é vincular o livro e a leitura a situações prazerosas – a Estação Leitura tem essa função, de uma forma lúdica e alegre, reunindo num mesmo espaço várias pessoas com interesses comuns, autores, editoras, livros, teatro e fazendo também uma homenagem a um autor, o que desperta a curiosidade de todos para a sua obra”. Teatro De segunda a sexta, o grupo Spalteatro percorrerá as oito Escolas do Futuro da cidade com a peça “O batalhão das letras”, uma adaptação do livro de Mario Quintana com o mesmo título. A trupe usa como cenário um livro gigante formado por folhas de pano. A peça será encenada ainda, com entrada franca, no sábado, às 9h, na Biblioteca “Amadeu Amaral” (Rua Treze de Maio, 2.000), onde, às 10h, a escritora Rosemeire Curilla coordena a oficina “Vivenciando poesias”, e novamente no domingo, na Estação Cultura, onde haverá atrações da Estação Leitura durante todo o dia. Parceria Ainda de segunda a sexta, as Escolas do Futuro receberão também contadores de histórias da Biblioteca Comunitária da UFSCar. Na própria Biblioteca Comunitária (instalada no Setor Norte do campus da UFSCar), na Sala de Literatura Infantil, haverá contação de histórias em todos os sábados de outubro – dias 7, 14, 21 e 28 –, sempre a partir das 9h, com entrada franca a todos os interessados. E de 23 a 28 de outubro, a UFSCar promoverá a 13ª Semana do Livro e da Biblioteca, com extensa programação que será divulgada pela instituição. Estação Cultura No domingo, dia 8, das 9h às 18h, a Estação Cultura (prédio da antiga Estação Ferroviária) abriga uma série de atividades da “Estação Leitura”: apresentações de coral, de poemas, de três peças baseadas em textos de Mario Quintana – “Lili inventa o mundo”, “Na volta da esquina” e “O batalhão das letras” –, do Projeto Dançar, ao lado de contação de histórias, oficina de origami, feira de livros e Barganha Book. Barganha Book A Barganha Book vem sendo realizada há um ano na Biblioteca “Amadeu Amaral”, sempre no último domingo do mês. É uma promoção de troca de livros didáticos, paradidáticos, de literatura ou de histórias em quadrinhos. Basta levar um ou mais livros, trocando-os por outros. Em outubro, a Barganha Book será realizada três vezes. Além do dia 8, das 8h às 18h, na Estação Cultura, o público poderá trocar volumes no dia 22, das 9h às 13h, na Biblioteca Pública Municipal “Professor Alfredo Américo Hamar”, na Vila Prado (Rua Ananias Evangelista de Toledo, 501), e no dia 29, também das 9h às 13h, na Biblioteca “Amadeu Amaral”. Mario Quintana Mario Quintana, um dos maiores poetas brasileiros, nasceu no dia 30 de julho de 1906 em Alegrete (RS) e morreu no dia 5 de maio de 1994 em Porto Alegre (RS). Considerado o poeta das coisas simples e com um estilo marcado pela ironia, profundidade e perfeição técnica, trabalhou como jornalista quase que a sua vida toda. Traduziu mais de cento e trinta obras da Literatura Universal. Em 1940, lançou o seu primeiro livro de poesias, iniciando a sua carreira de poeta, escritor e autor infantil. Em 1966, foi saudado na Academia Brasileira de Letras por Augusto Meyer e Manoel Bandeira e obteve o Prêmio Fernando Chinaglia da União Brasileira de Escritores pela obra “Antologia Poética”. Morou grande parte da vida em hotéis. Um deles, o Hotel Majestic ou Majestoso Hotel ou Hotel Majestoso, no centro velho de Porto Alegre, foi tombado e transformado em centro cultural batizado Casa de Cultura “Mario Quintana” em sua homenagem ainda em vida. Em seus últimos anos era comumente visto caminhando nas redondezas. Segundo o próprio poeta, em entrevista a Eddla Van Steen em 1979, seu nome não tem acentuação. Em 2006, centenário de seu nascimento, várias comemorações estão sendo realizadas no Estado do Rio Grande do Sul. Mario Quintana por ele mesmo: Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Ah! Mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas… Aí vai! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a Eternidade. Nasci no rigor do inverno, temperatura: 1 grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro - o mesmo tendo acontecido a Sir Isaac Newton! Excusez du peu… Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! Sou é caladão, introspectivo. Não sei por que sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros? Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de farmácia durante cinco anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Érico Veríssimo – que bem sabem (ou souberam) o que é a luta amorosa com as palavras. (29/09/06) |