» RECURSO PARA DEFICIENTES VISUAIS USADO PELA PREFEITURA É OFICIALIZADO PELO GOVERNO FEDERAL PDF Imprimir E-mail

Recurso foi oficializado pelo governo federal.

A máquina de escrever em braille.O soroban é usado para
qualquer operação
matemática.
APARELHO É UTILIZADO PARA OPERAÇÕES MATEMÁTICAS

Uma portaria do Ministério da Educação publicada recentemente instituiu o uso do soroban, um contador mecânico adaptado para pessoas com deficiência visual, nos sistemas de ensino do país em todos os níveis. De acordo com a portaria, o dispositivo será um recurso educativo específico para utilização nos sistemas de ensino, podendo inclusive ser usado em provas oficiais e concursos. Em São Carlos, os alunos com deficiência visual da rede municipal já utilizam o equipamento, e também os das turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA).

“Antes da portaria que regulamenta o uso do equipamento, não era permitido usar o soroban em provas de vestibular, por exemplo. Agora, as pessoas cegas passam a ter a possibilidade de realizar cálculos de outra forma que não seja apenas mentalmente”, explicou a assessora de Educação Especial da Secretaria de Educação e Cultura, Patrícia Karst Caminha. Ela esclareceu que o soroban possibilita o cálculo matemático de forma diferente da máquina de calcular, não caracterizando, portanto, uma vantagem para os deficientes visuais.

O soroban surgiu como simples instrumento de registro de valores, que permitia as operações de soma e subtração. Hoje, o aparelho opera com números inteiros, decimais e negativos, podendo realizar também a extração de raízes quadrada e cúbica, trabalho com horas, minutos e segundos, conversão de pesos e medidas. José Aparecido Molinari Peruzzi, deficiente visual, é aluno da EJA e aprendeu a usar o sistema Braille em 1993. “É difícil encontrar a máquina em braille em outro lugar sem ser nas escolas, e livro pedagógico é muito difícil. Livro de outros assuntos também”, afirmou.

A professora Ivone Aparecida Ribeiro Camargo, que orienta dois alunos na sala especial da EMEB “Antônio Stella Moruzzi”, disse que hoje os estudantes cegos têm que escrever tudo o que é dito em sala de aula, inclusive o que está nos livros pedagógicos: “Muito do material os professores nos passam e nós transformamos em linguagem braille para que eles possam estudar. Com os livros em braille vai facilitar o aprendizado” completou.

Antônio Francisco Donizette Brambila, também deficiente visual, começou a ser alfabetizado no sistema Braille em 2004 e recentemente passou a usar o soroban. “Eu achava que nunca mais ia conseguir fazer nada, nem ler nada. Agora eu leio algumas coisas. Mais difícil é aprender a usar o soroban. Fazer o mínimo divisor comum, operações com decimais de cabeça não é fácil. Aí usar o soroban é muito bom”, completou.

Também no início deste mês, o Ministério da Educação anunciou que os livros pedagógicos para as 1ªs e 2ªs séries que compõem o Programa do Livro já podem ser requisitados em braille e que a partir de 2007, esses livros serão distribuídos simultaneamente aos impressos em tinta até a 6ª série. Para receber as obras é preciso que as unidades educacionais respondam corretamente os questionários do Censo Escolar, que será usado para determinar o número de exemplares que serão produzidos no sistema braille. “Aos professores das classes regulares fica a incumbência de estimular o uso do sistema braille, que já é ensinado aos alunos da rede municipal de educação há anos”, explicou Patrícia.

Ábaco japonês
O soroban é o ábaco japonês usado até hoje diariamente por boa parte da população daquele país. Após a 2ª Guerra Mundial, como forma de defender sua cultura milenar, foi realizada uma disputa entre a máquina de calcular, defendida pelos norte-americanos, e o soroban japonês. A máquina de calcular foi operada por um tenente americano conhecido por suas habilidades e rapidez, o soroban foi manejado por Kiyoshi Matsuzaki. Para alívio dos orientais, venceu o soroban.

O sistema Braille é um código universal de leitura tátil e de escrita, usado por pessoas cegas. Foi desenvolvido na França por Louis Braille, um jovem cego, a partir do sistema de leitura no escuro, para uso militar, de Charles Barbier. Utilizando seis pontos em relevo dispostos em duas colunas, possibilita a formação de 63 símbolos diferentes, usados em literatura nos diversos idiomas, na simbologia matemática e científica, na música e mesmo na informática. A partir da invenção do sistema em 1825, seu autor desenvolveu estudos que resultaram em 1837 na proposta que definiu a estrutura básica do sistema, ainda hoje utilizada mundialmente.

(28/06/06)
 
 

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