» CAMPANHA DA HEMOGLOBINOPATIA COMEÇA NO PRÓXIMO DIA 25 |
Reunião na Secretaria sobre a campanha. No período de 25 de maio a 2 de junho será desenvolvida a Campanha da Hemoglobinopatia, que tem como objetivo detectar a existência de traço falciforme na população adulta de São Carlos. A principal ação será a realização dos exames de sangue. As amostras serão coletadas inicialmente no dia 27 de maio, às 8h, na Praça do Mercado e no loteamento Dom Constantino Amstalden (São Carlos 8), e de 29 de maio a 2 de junho, em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou Unidades de Saúde da Família (USF). A campanha é resultado de uma parceria entre a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, e a APAE de São Paulo, com o apoio da Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência Social. A identificação de hemoglobinopatias já é realizada em bebês desde 2001, no exame “teste do pezinho”. O trabalho que será desenvolvido agora, pioneiro no Estado de São Paulo para cidades acima de 200 mil habitantes, pretende coletar cerca de 10 mil exames. Segundo dados da APAE-SP, a média aponta que para cada 27 nascidos existe um traço falciforme. À medida que se identificar os resultados positivos, a Secretaria Municipal de Saúde fará um trabalho de orientação da família, enfatizando que o traço falciforme não é uma doença, mas uma prevenção para a sua existência. Com a coleta de 0,3 miligramas de sangue é possível identificar a anemia falciforme, talacemias e o traço falciforme. As análises serão feitas no laboratório da APAE-SP, considerado o melhor em triagem neo-natal da América Latina e um dos três maiores do mundo. Os casos normais, de acordo com Pedro Gramani, representante da APAE-SP, “serão encaminhados para as Unidades Básicas de Saúde para serem devolvidos aos usuários, e os positivos serão enviados para a Secretaria Municipal de Saúde, onde profissionais das unidades de saúde farão um rastreamento junto aos parentes mais próximos, pais, irmãos, tios, primos, sobrinhos, entre outros. O Ministério da Saúde determina que uma vez detectado o traço seja feita a orientação da família, porque ele não é uma doença, e o risco só passa a ser maior para o surgimento da doença quando há o casamento de duas pessoas portadoras do traço falciforme, daí a importância do rastreamento”. O diretor de Atenção Básica da Secretaria Municipal de Saúde, Natanael Alves da Silva, explica que o trabalho de prevenção é uma proposta contínua da secretaria e esse trabalho é muito importante porque vai fazer em larga escala o diagnóstico de doenças falcêmicas. “Esta identificação de ser portador ou traço permite o estabelecimento de estratégias para atender os doentes e evitar novos casos, com orientação sobre o planejamento familiar”. Ainda segundo Natanael, o fato de São Carlos ser pioneira no projeto, saindo na frente das cidades com mais de 200 mil habitantes, vai permitir a obtenção do diagnóstico em grande parte da população, dinamizando as ações da secretaria. “Vamos inclusive intensificar a divulgação da campanha junto à população como forma de fazer uma conscientização sobre a realização do exame e a importância da prevenção com possibilidade de organizar uma campanha anualmente no mês de maio até pelo seu grande significado para a população negra e de afro-descendentes”. Confira a programação da campanha: • 25/05, às 19h30, no Sesc – Palestra “Saúde da População Negra”, com Roger Willians Ferreira Nascimento, da Secretaria Especial de Política de Promoção e Igualdade Racial (SEPPIR). • 27/05, às 8h – Início da campanha com coleta de exames na Praça do Mercado e no canteiro de obras do loteamento Dom Constantino Amstalden (São Carlos 8). • 29/05 a 02/06 – Coleta de exames nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Saúde da Família (USF). Anemia falciforme e Traço Falciforme Trata-se de uma alteração na composição sanguínea que leva à formação de uma hemoglobina anormal chamada de S. Ela passa dos pais para os filhos e altera os glóbulos vermelhos, que são células do sangue. Existem milhões dessas células por todo o corpo e dentro delas há um pigmento chamado hemoglobina que dá a cor vermelha ao sangue e também transporta o oxigênio do ar que respiramos para todas as partes do corpo. Essas células são arredondadas e elásticas, por isso passam facilmente por todos os vasos sanguíneos do corpo, mesmo os mais finos. A maioria das pessoas recebe de seus pais hemoglobina normal chamada hemoglobina A. Como recebe uma parte da mãe e outra do pai, cada pessoa é AA. Já as pessoas com anemia falciforme recebem de seus pais uma hemoglobina anormal chamada hemoglobina S. Como recebem uma parte do pai e outra da mãe, elas são SS. O glóbulo vermelho com hemoglobina S pode ficar com forma de meia-lua ou foice, daí o nome de falciforme. Essas células têm sua membrana alterada e rompem-se mais facilmente, causando anemia hemolítica, que se caracteriza pela palidez e icterícia (branco do olho amarelo). A anemia falciforme é mais freqüente na população negra e seus descendentes, mas ocorre também em brancos. A anemia falciforme não é contagiosa e as pessoas portadoras necessitam de cuidados especiais de saúde desde a infância. Entre os sinais e sintomas da anemia falciforme estão crises dolorosas (dor em ossos, músculos e juntas, associados ou não a infecções, exposições ao frio, esforços, etc.), palidez, cansaço fácil, icterícia (cor amarelada visível, principalmente no branco do olho) e úlceras (feridas) nas pernas. Nas crianças pode haver inchaço muito doloroso nas mãos e nos pés. Pode ocorrer também seqüestro do sangue no baço, causando palidez muito grande, às vezes desmaio e aumento do baço, além de uma tendência maior a contrair infecções. Já o traço falciforme não é uma doença. Significa que a pessoa herdou de seus pais a hemoglobina A e S. Como recebeu um tipo da mãe e outro do pai, é AS, ou seja, uma pessoa saudável que leva uma vida normal. É importante saber que filhos de duas pessoas com traço falciforme podem nascer com anemia falciforme, daí a importância de fazer o exame (eletroforese de hemoglobina) do futuro parceiro. (17/05/06) |