» MÉDICO SANITARISTA ABRIU CICLO DE DEBATES DA LUTA ANTIMANICOMIAL
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Exposição de trabalhos dos usuários do CAPS.
Palestra de Roberto Gouveia. Nesta segunda, dia 15, no Teatro Florestan Fernandes, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), foi aberto o Ciclo de Debates “Desafios da Saúde Mental: Inclusão pelo trabalho na perspectiva da Economia Solidária e participação da família” com a palestra “O direito dos usuários de saúde mental no Serviço Único de Saúde (SUS)”, proferida pelo médico sanitarista Roberto Gouveia. Promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Departamento de Enfermagem da UFSCar e Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) da Prefeitura, o evento busca refletir sobre o atendimento aos usuários de serviços de saúde mental.

Participaram da abertura o vice-prefeito Emerson Leal, representando o prefeito Newton Lima, o vereador Lineu Navarro, representando a Presidência da Câmara Municipal, a vice-diretora do Centro de Ciências Biológicas e de Saúde da UFSCar, Gisele Dupas, representando o reitor Oswaldo Baptista Duarte Filho, os secretários Dirceu Barbano (Saúde) e Géria Montanari (Educação), a diretora da Diretoria Regional de Saúde (DIR) Maria Tereza Luz e Silva, além dos pacientes do CAPS e alunos dos cursos de Psicologia, Terapia Ocupacional e Enfermagem da UFSCar.

A comemoração da data, 18 de maio, Dia Nacional da Luta Antimanicomial, se dá especialmente por quem compartilha do lema “Por uma sociedade sem manicômios”. Roberto Gouveia lembrou que o paciente tem direito a uma assistência digna que reconheça a necessidade de recuperação da saúde. A internação deve ser o último recurso, e “queremos organizar uma política de assistência à saúde mental que leve a um processo de desospitalização e de substituição dos leitos hospitalares. É preciso trabalhar o processo de reinserção do paciente junto à família e à comunidade com residências terapêuticas, como os CAPS”.

O governo federal, segundo Gouveia, apóia a iniciativa, dando amparo e suporte às famílias com a organização do programa “De Volta para Casa”, que oferece um salário mínimo à família que recebe o paciente. “O movimento de luta antimanicomial é internacional e caminha na direção da reforma em saúde mental porque o hospício é muito mais uma porta de entrada do que de saída. Uma estatística demonstrou que 70% dos pacientes internados nos hospitais psiquiátricos estavam há mais de 5 anos e 54% lá estavam há mais de um ano. Isso mostra o que leva ao chamado processo de cronificação, a pessoa fica drogada, se cronifica e nós perdemos para sempre”, relatou.

Para o secretário municipal de Saúde Dirceu Barbano, a chama da luta anti-manicomial tem que ser reacesa anualmente porque “é uma luta muito grande no sentido de reorientar o atendimento em saúde mental e desconstruir a imagem de que as pessoas que têm algum distúrbio psíquico não possam ter uma convivência normal e natural nos ambientes da família e do trabalho ou mesmo das unidades de saúde. É fundamental que as pessoas se reúnam e reafirmem esse propósito de manter o compromisso de que esses pacientes não podem ser privados da sua vida e que seja construído um novo laço de convivência e relação com a comunidade”.

São Carlos é um exemplo de construção da rede de atendimento em saúde mental, que já contempla a existência do CAPS, desde 2002, e de outro centro de atendimento na área de álcool e drogas que está para ser inaugurado, além da caracterização como atendimento básico em saúde mental desenvolvido nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Cinco Administrações Regionais de Saúde (ARES) já contam com o atendimento em saúde mental. A Prefeitura contratou ainda nesta semana três médicos psiquiatras para ampliar a capacidade deste atendimento e coloca-lo o mais próximo possível das pessoas, fora do ambiente de confinamento ou hospitalar, deixando para internação somente os casos especiais de assistência.

O Ciclo se encerra nesta quarta, dia 16, com a seguinte programação:
• 8h – Início dos trabalhos
• 9h30 – Palestra: “A Incubadora Regional de Cooperativas da UFSCar (INCOOP-USFCar)”, com a Profª Ana Lúcia Cotegoso, docente da UFSCar.
10h – Palestra: “Oficinas de Trabalho”, com Sonia Ferrari, do Instituto A Casa, de São Paulo.

Mesa redonda
• 14h – “Oficinas de Geração de Renda e a Participação da Família”, com a Profª Dra. Ana Luisa Aranha e Silva, docente da Escola de Enfermagem-USP (São Paulo)
• 16h – “Familiares de Usuários de Serviço de Saúde Mental”, com Geraldo Peixoto, membro do Instituto Franco Basaglia.

CAPS
Com uma equipe de 2 psiquiatras, 1 enfermeria, 2 terapeutas, 2 psicólogos, 3 auxiliares de enfermagem, além de estagiários, voluntários, serviços gerais e vigias, o trabalho do CAPS se pauta pelo desafio de construir espaços de trabalho dentro de uma perspectiva inclusiva e solidária para os serviços de saúde mental. São três tipos de atendimento: o intensivo, em que o usuário passa o dia no centro (permanência dia), o semi-intensivo (meio período ou duas vezes por semana) e o paciente não intensivo que vai para consulta. Entre intensivo e semi, o CAPS atende 140 pacientes; e há 940 matriculados não intensivos que vão para consulta. A unidade localiza-se na rua Riachuelo, 171, próximo à Estação Ferroviária. O telefone de contato é 3372-3111.

(16/05/06)
 
 

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