» VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA ORIENTA PARA COLETA CORRETA DO CARAMUJO AFRICANO |
Nos últimos dias, moradores de alguns bairros de São Carlos, como o Botafogo, por exemplo, procuraram as Vigilâncias Epidemiológica e Sanitária para reclamar de caramujos grandes presentes, principalmente, em terrenos baldios. “São os caramujos africanos, que gostam de ambientes quentes e úmidos, de mato e de entulhos. Como estamos no verão e há muita chuva, o mato cresce rápido e os caramujos encontram sombra e comida à vontade”, explica Fernando Mourão, fiscal da Vigilância Sanitária. Os caramujos africanos vivem em torno de cinco anos e já no primeiro ano de vida estão maduros sexualmente. “Alguns caramujos chegaram a São Carlos trazidos de outras cidades por pessoas que, por falta de conhecimento, acharam o animal bonito e deixaram enfeitando o jardim. Outros vêm em forma de ovos, em plantas, ou em meio a materiais de construção. Por serem hermafroditas, ou seja, possuírem órgãos sexuais masculinos e femininos, eles se reproduzem sozinhos e podem colocar até 200 ovos a cada dois meses”, explica Laines Aiello, bióloga da Vigilância Epidemiológica. O caramujo africano, ou Achatina fulica, é um animal aparentemente inofensivo mas que preocupa as autoridades sanitárias. “Potencialmente, esse molusco pode transmitir duas doenças: Angiostrongilíase meningoencefálica humana, que provoca dor de cabeça forte e constante, rigidez na nuca e distúrbios do sistema nervoso, e o Angiostrongilíase abdominal, que causa dor abdominal, febre prolongada, anorexia e vômitos. Embora no Brasil não haja registro dessas parasitoses, precisamos ter todo o cuidado com esse animal e acabar com eles de maneira segura”, explica a bióloga. Coleta correta – De acordo com os técnicos da Vigilância Epidemiológica, quando a pessoa perceber a existência de caramujos africanos em casas ou terrenos, não há motivo para alarme, mas é preciso realizar a coleta dos animais corretamente. Primeiro é necessário identificar se a espécie é realmente o caramujo africano (Achatina fulica). Para tanto, deve se observar (sem tocar) se a concha do animal possui cor marrom-escura com listras esbranquiçadas e formato espiral cônico. Além disso, o caramujo africano possui a abertura da concha com borda fina, ao contrário dos caramujos naturais do habitat brasileiro. “A pessoa que coletar os caramujos africanos deve ter as mãos protegidas por luvas ou por sacos plásticos que, ao final do processo, devem ser descartados. Os caramujos africanos devem ser esmagados, quebrados e enterrados com cal. A cal é para que eles não contaminem o solo ou o lençol freático, caso estejam contaminados. Não aconselhamos incinerar os animais, pois o fogo pode provocar algum acidente, principalmente com crianças”, acrescenta a bióloga. Quem tiver alguma dúvida pode entrar em contato com a Vigilância Epidemiológica no telefone 3307.7405 O caramujo africano no Brasil – A chegada do caramujo africano ao Brasil se deu na década de 80, no Estado do Paraná. Naquela época, alguns produtores acreditavam que o animal poderia ser um substituto barato para o escargot, cuja manutenção e criação em cativeiro é cara e trabalhosa. A carne do caramujo africano, no entanto, foi rejeitada pelos consumidores e, diante da falta de consumo, os caramujos foram soltos na natureza. Sem contar com predadores naturais, os caramujos africanos proliferaram rapidamente. Hoje ele está presente em praticamente todos os Estados do Brasil. Por ser uma espécie exótica invasora, além das doenças que pode transmitir, o caramujo africano ataca, destrói plantações e compete por espaços com outros moluscos da fauna nativa, podendo levá-los à extinção. O caramujo africano atinge 15cm de comprimento de concha e pesa, em média, 200 gramas. (08/03/06) |