» DIA INTERNACIONAL DA MULHER: DEPOIS DAS AGRESSÕES A OPORTUNIDADE DE VOLTAR A VIVER EM PAZ PDF Imprimir E-mail


Até o fim do ano passado, a nordestina A.M.S., que morava em Santo André, nunca tinha ouvido falar de São Carlos. Hoje, três meses depois que veio para a cidade, onde está alojada na Casa Abrigo “Gravelina Terezinha Lemes”, mantida pela Prefeitura Municipal, diz em tom de alegria: “Graças a Deus encontrei pessoas que fazem o bem para os outros, pessoas que eu não sabia que existiam, e estou feliz!”

Quem ouve o depoimento desta mulher, mãe de três filhos, nem imagina que ela faz parte de uma estatística, que infelizmente aumenta a cada dia: mulheres vítimas de agressão por parte dos maridos ou companheiros.

“Meu marido usava drogas, me ameaçava, nós brigávamos muito. Ele não queria que eu trabalhasse, passávamos fome e ele queria levar nossos filhos pra trabalhar no farol. Eu não concordava”, desabafou A.M.S.

A Casa Abrigo “Gravelina Terezinha Lemes” faz parte do Programa de Atendimento à Mulher Vítima de Violência Doméstica da Secretaria de Cidadania e Assistência Social. E é comum, por medida de segurança para as vítimas, que haja um intercâmbio de abrigadas entre cidades. Algumas de São Carlos vão para outros municípios, para não serem reconhecidas pelo agressor, e outras de fora vêm para ficar em nossa Casa Abrigo.

“Atendemos a mulher e seus filhos com até dezoito anos, damos o abrigo e condições para que ela dê continuidade a sua vida, apoio na área médica, jurídica e principalmente psicológica, e encaminhamos para cursos e possíveis trabalhos”, explicou a secretária de Cidadania e Assistência Social, Rosilene Mendes dos Santos.

A assistente social e supervisora da Casa Abrigo, Maria Isabel Álamo Gabrine, afirma que a satisfação do grupo de trabalho é imensa, afinal um dos objetivos do atendimento é ajudar as mulheres vítimas de agressão a conseguir a independência financeira para que não precisem voltar a depender de seus companheiros. “Estamos dando um primeiro passo. Hoje temos cinco mulheres abrigadas e três delas já começaram a trabalhar. São pequenas oportunidades, mas muito importante para elas, afinal os empregadores estão cientes da necessidade de todas estas famílias”, concluiu.

Quem já deu essa oportunidade garante que vale a pena. “Tenho uma mulher que mora na Casa Abrigo trabalhando comigo. Ela está aqui há duas semanas, estamos fazendo uma experiência, mas acredito que vai dar tudo certo, pois ela é muito esforçada. Em breve vou assinar sua carteira de trabalho”, afirmou o dono de uma lanchonete.

Segundo Tânia Mara Carneiro, coordenadora da Casa Abrigo, antes as mulheres abrigadas não tinham a oportunidade de trabalhar. Mas agora, incentivados até pela mudança na lei, os empregadores vão valorizar ainda mais o serviço delas, dando-lhes a tão sonhada oportunidade de trabalho.

Hoje, cerca de 1,8 milhão de domésticos, que ganham um salário mínimo ou mais, trabalham na informalidade. Para estimular o registro em carteira, o governo federal assinou uma medida provisória em que os patrões poderão abater do Imposto de Renda parte das despesas previdenciárias com os empregados domésticos. O desconto vai valer para a declaração de 2007, referente aos rendimentos deste ano. Cada empregador poderá descontar 12% sobre um salário mínimo, limitado a apenas um funcionário.

“Eu tinha medo de morrer na mão do meu ex-marido. Várias vezes, no desespero, pensei em tomar veneno e dar pros meus filhos, mas hoje penso diferente. Tenho saúde, estou trabalhando como doméstica para uma família e sei que vou ter condições de dar uma vida digna para meus filhos”, finaliza A.M.S.

(07/03/06)

 
 

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