» GRUPO DE BIBLIOTECÁRIOS VISITA A FAZENDA PINHAL |
Cerca de vinte bibliotecários da Prefeitura, funcionários do Museu de São Carlos e da Fundação Pró-Memória, visitaram na sexta, dia 2, a Fazenda Pinhal. O grupo conheceu a área do antigo engenho, a biblioteca, percorreu quase todos os cômodos da casa e fez um rápido passeio pelo pomar. No microônibus, no percurso da volta, os comentários eram sobre a importância da visita para um melhor entendimento dos valores patrimoniais. Ana Lúcia Cerávolo, diretora presidente da Fundação Pró-Memória, aproveitou o percurso até a fazenda, feito num microônibus, para lembrar aos participantes que São Carlos possui importante patrimônio histórico e arquitetônico, tanto urbano quanto rural. Esclareceu que a formação e a sede da fazenda são anteriores ao ciclo do café. Do período cafeeiro, há várias reminiscências: tulha, terreiros e os equipamentos usados no beneficiamento do café. A Fazenda Pinhal é tombada em âmbito estadual pelo Condephaat, em razão da importância da família dos proprietários para a história paulista, e também pelo Iphan, em âmbito nacional, por ser um dos raros exemplares paulistas remanescentes do período anterior ao do café. Ana Lúcia ainda destacou que a visita foi uma oportunidade para que todos conhecessem melhor o valor patrimonial do local. Ela destacou que isso seria ainda mais valioso especialmente para os bibliotecários que trabalham nas três Escolas do Futuro anexas às EMEBs Carmine Botta (Boa Vista), Professora Dalila Galli (Jockey Clube) e Artur Natalino Deriggi (Cidade Aracy), nas quais estão sendo promovidas atividades pedagógicas e lúdicas do projeto “História dos Bairros”, que tem o propósito de estimular alunos, professores e a comunidade a reconhecer os valores patrimoniais existentes nas áreas ao redor das próprias escolas. As origens Na Fazenda Pinhal o grupo foi recebido pelo diretor secretário da Associação Pró Casa do Pinhal, Francisco de Sá Neto, que fez um breve histórico das origens da fazenda, lembrando que das cinco primeiras sesmarias concedidas pela coroa portuguesa na região, três estão ligadas à família de Carlos Bartolomeu Arruda Botelho, que obteve a primeira em 1785. Mas só na terceira década do século 19 as três sesmarias foram efetivamente demarcadas e nelas começou a produção de açúcar e gado bovino. Os primeiros pés de café foram plantados em 1840. Antônio Carlos de Arruda Botelho, o futuro Conde do Pinhal, neto de Carlos Bartolomeu, destacou-se como empreendedor, investindo na cafeicultura da Fazenda Pinhal e formando outras quinze fazendas, foi banqueiro, construiu a ferrovia entre Rio Claro e São Carlos com a ajuda de capitais do sogro e do cunhado, montou em Santos casa comissária para exportação e importação e, em 1865, recebia os primeiros imigrantes alemães, buscando mão-de-obra européia com mais de duas décadas de antecipação à Lei Áurea. O Conde do Pinhal morreu em 1901 e sua mulher Ana Carolina viveu até 1945. Seu inventário só terminou em 1969, quando os herdeiros formaram um condomínio para atender o desejo expresso em seu testamento: manter indivisa a sede da fazenda e uma área em seu entorno, totalizando 18 alqueires. Nessa área estão as antigas instalações do engenho de açúcar, a casa de moradia, um enorme pomar, senzalas e terreiros de secagem de café, tulha e máquinas de beneficiamento. Francisco de Sá Neto ressaltou que a casa mantém mobiliário, alfaias, cristais, coleções de revistas raras, livros, fotografias, biblioteca e muitos documentos, principalmente da casa comissária do Conde do Pinhal. Entre os documentos mencionou uma carta do escravo Felício, homem de confiança do Conde, alforriado em 1885. (09/09/05) |