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Leia abaixo, na íntegra, os discursos do Prefeito Newton Lima Neto e do Presidente Luiz Ignácio Lula da Silva.

DISCURSO DO PREFEITO MUNICIPAL NEWTON LIMA NETO PROFERIDO POR OCASIÃO DA VISITA DO EXMO. SR. PRESIDENTE DA REPÚBLICA LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA À SÃO CARLOS.

• Exmo. Sr. Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva
• Exmo. Sr. Ministro-Chefe da Casa Civil, José Dirceu de Oliveira e Silva
• Exmo. Sr. Ministro da Saúde, Humberto Costa
• Exmo. Sr. Ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos
• Exmo. Sr. Ministro do Trabalho e do Emprego, Ricardo Berzoini
• Exmo. Sr. Senador da República, Aloísio Mercadante
• Exmo. Sr. Ministro Chefe da Segurança Institucional, Jorge Armando Félix
• Magnífico Reitor, Oswaldo Baptista Duarte Filho
• Exmo. Sr. Juiz da 1ª Vara Federal, Dr. Márcio Satalino Mesquita
• Exmo. Sr. Secretário Executivo do Ministério do Desenvolvimento, Márcio Fortes de Almeida
• Exmo. Sr. Deputado, João Paulo Cunha ex Presidente da Câmara Federal
• Exma. Sra. Presidente da Câmara de São Carlos, Diana Cury
• Exmo. Sr. Vice-Prefeito Municipal, Emerson Leal

Senhor Presidente,

Havia 33 anos que um Presidente da República não pisava o solo são-carlense. Naquela oportunidade, o Presidente Militar Emílio Garrastazu Médici reuniu-se com lideranças políticas locais na fazenda do então Presidente da Câmara dos Deputados, Dr. Ernesto Pereira Lopes.

Diferentemente daquela ocasião, nosso povo pode hoje ter o orgulho de receber, ver e ouvir o são-carlense honorário Luiz Inácio Lula da Silva que retorna à cidade investido no honroso cargo de Presidente do Brasil.

Não é apenas esta diferença que marca os dois episódios.
Se outrora vivíamos o regime de exceção, tão galhardamente combatido por brasileiros corajosos como o jovem são-carlense Lauriberto José Reyes (nosso querido Lauri), morto por lutar pelas liberdades democráticas e por justiça social, hoje recebemos nada mais nada menos do que aquele que notabilizou-se, à frente dos trabalhadores do ABC, como a vanguarda da luta pelo reestabelecimento do “Estado de Direito” no Brasil: o companheiro Lula.

Agora, como Presidente da República, brinda-nos V. Exa. com uma conjuntura política, econômica e social marcada por expressivos indicadores que combinam inclusão social e retomada do crescimento econômico.

Para melhor traduzir o auspicioso momento que vive o país, valho-me das palavras do eminente senador paulista Aloízio Mercadante – que, para nossa alegria retorna hoje à São Carlos ao lado do também estimado Deputado João Paulo Cunha, ex-Presidente da Câmara Federal - que em recente colóquio em nosso município afirmou: “nunca se viveu, na história republicana, a combinação de democracia, estabilidade econômica e crescimento”.

Mais do que palavras, o anúncio daqui a momentos e na Vossa presença de novos investimentos que serão feitos pela Tecumseh do Brasil em São Carlos, revela a confiança dos investidores estrangeiros nas atividades produtivas do país. Tais investimentos, geradores de emprego e renda, ampliarão ainda mais a produção de compressores herméticos – equipamentos com alto valor tecnológico agregado –, contribuindo com o aumento das exportações, um dos pilares da política econômica levada à cabo pelo governo de V. Exa.

Se não bastassem as dimensões política e econômica já apontadas para justificar o júbilo com que o povo de São Carlos recebe a visita de V. Exa., é mister apontar um aspecto a mais: a oportunidade de manifestação do reconhecimento da nossa população pelos investimentos que o governo federal vem fazendo em nosso município. Nossa gratidão encontra no Hospital-Escola Municipal sua expressão maior. Afinal, quando concluído, superará o déficit de 220 leitos hospitalares e viabilizará a realização do maior sonho contemporâneo do povo desta cidade: a criação do curso de medicina na Universidade Federal de São Carlos. Isto porque o Hospital-Escola, complementado pelos equipamentos da rede municipal de saúde, se configurará no locus central da formação dos futuros médicos clínicos-gerais que atenderão à crescente demanda de pessoal qualificado para os programas de prevenção à saúde no país.

Permita-me aqui, Presidente Lula, registrar a eficiência e presteza com que seus Ministros têm atendido nossos pleitos.

Começo lembrando o Ministro do Planejamento Guido Mantega que, em 2004, promoveu a cessão desta área de 78 mil m² da União para o município. Este fato nos permitiu transformar um velho frigorífico abandonado havia quatro décadas, nesta obra que vai melhorar a saúde pública na cidade e região. Sem a determinação do Ministro Humberto Costa, que lançou a pedra fundamental do Hospital-Escola em setembro último, não teria V.Exa. concretado o primeiro pilar do Pronto Socorro. Sem a dedicação do Ministro Tarso Genro, não teríamos forças suficientes para reduzir o analfabetismo e expandir a rede pública de educação infantil. E, certamente, não teríamos testemunhado o entusiasmo com que recebeu para exame a proposta do Reitor da UFSCar de criação do Curso de Medicina.

Se o Hospital-Escola é a estrela maior da constelação de apoios do governo federal a São Carlos, não podemos esquecer das demais, também de grande relevância social.

Refiro-me à estação de tratamento de esgoto a ser construída com o suporte do Ministério das Cidades, à revitalização do bairro Jardim Gonzaga - dando condições dignas a 500 famílias carentes -, ao programa de casa própria apoiado pela Caixa Econômica Federal, ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) - em construção neste mesmo local –, à farmácia popular, à reforma do Teatro Municipal, ao restaurante popular, ao inédito apoio aos nossos agricultores familiares, aos programas de complementação de renda e de combate à fome. Sem falar do apoio do Ministério do Trabalho à formação técnica de jovens para a área aeronáutica, nova vocação do município de São Carlos e da região, cujo protocolo de cooperação estaremos firmando ainda no dia de hoje. A todos os seus Ministros, Presidente Lula, manifestamos nosso maior reconhecimento e o fazemos na pessoa do eminente Ministro-Chefe da Casa Civil, o cidadão honorário são-carlense José Dirceu, que nos dá a honra de participar deste ato. Enfim, Senhor Presidente, quero afirmar como Prefeito Municipal que nunca São Carlos recebeu tanta atenção, tanto carinho e tanto investimento do governo federal, como na administração de V. Exa.

Este conjunto de recursos tem nos ajudado, e muito, a superar a herança perversa que recebemos ao assumirmos nosso primeiro governo em 2001.

Irresponsabilidade fiscal, corrupção, desleixo urbano, descaso rural, insensibilidade social e inação, produziram um cenário de uma São Carlos abandonada e sangrada pelo poder público. Como resultado, baixos indicadores de desenvolvimento humano quando comparado ao extraordinário potencial da cidade e do seu povo, e uma dívida impagável, da dimensão de um orçamento anual, que reduz sobremaneira a capacidade de investimento do município.

Pelo trabalho sério desenvolvido pelo nosso governo municipal, sustentado pela ampla aliança política programática que estabelecemos com o PMDB – partido do nosso vice-prefeito Emerson Leal – PCdoB, PDT e PTN, somado à parceria com o governo estadual, ao apoio decisivo da administração de V. Exa. e à força da nossa gente, asseguramos que São Carlos ostenta hoje uma situação incomensuravelmente melhor. Há muito a ser feito, mas alguns indicadores respaldam esta convicção.

• São Carlos é hoje a cidade com menor mortalidade infantil, dentre as cidades médias e grandes do Estado de São Paulo.
• 85% das famílias em situação de pobreza têm cobertura de Programas de Complementação de Renda.
• A cidade é referência nacional na recuperação de jovens autores de ato infracional por intermédio do Núcleo de Atendimento Integrado (NAI), que V. Exa. já teve a oportunidade de conhecer, com taxa de reincidência criminal de apenas 2,7% (ante a média paulista de 33%).
• Foram gerados quase dez mil novos postos formais de trabalho nos quatro últimos anos (um crescimento de 22%, acima das médias estadual e nacional).
• São Carlos experimentou uma redução de 40% no número de analfabetos adultos, em relação ao quantitativo registrado em 2000.
• Todas as crianças cujas famílias demandam vaga na pré-escola são atendidas pela rede municipal de educação.

Como se vê, Sr. Presidente e Senhores Ministros, São Carlos avançou muito em quatro anos de governo democrático e popular. Com muito orgulho, permitimo-nos assegurar que a capital da tecnologia, vem se transformando, dia-a-dia, também em capital da cidadania.
Caríssimo amigo e companheiro Presidente Lula, seja sempre bem-vindo à sua São Carlos.

Um grande abraço a todos e muito obrigado!

Discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de início das obras do Hospital-Escola Municipal de São Carlos
São Carlos-SP, 31 de março de 2005

Meus queridos companheiros e companheiras de São Carlos,
Meu querido companheiro prefeito Newton Lima, prefeito desta gloriosa cidade,
Meu querido companheiro José Dirceu, ministro da Casa Civil,
Meu querido companheiro Humberto Costa, ministro da Saúde,
Meu caro Márcio Fortes, ministro-interino do Desenvolvimento, Indústria e Comércio,
Meu caro Ricardo Berzoini, ministro do Trabalho,
Meu caro Eduardo Campos, ministro da Ciência e Tecnologia,
Meu querido companheiro general Jorge Armando Félix, ministro-chefe do Gabinete da Segurança Institucional,
Professor Oswaldo Baptista Duarte Filho, magnífico reitor da Universidade Federal de São Carlos,
Meus queridos companheiros deputados federais, João Paulo, João Herrmann, Barbieri, Roberto Gouveia, Marquezelli, Iara Bernardi. Bom, o problema é que não me deram a relação dos deputados aqui, Lobbe Neto.
Meu querido companheiro Aloizio Mercadante, senador da República,
Meus companheiros e minhas companheiras

Primeiro, eu quero dizer ao Reitor que ele já pode assumir o compromisso, publicamente, que, se Deus quiser, no final deste ano, nós já vamos fazer vestibular para que no ano que vem as pessoas possam estudar.

Segundo, dizer ao povo de São Carlos, sobretudo aos estudantes de São Carlos, a parte da sociedade que lê um pouco mais de jornais, portanto deve ser bem informada, que há muitos e muitos anos, no nosso país, não se criava uma universidade federal. No nosso governo, nós estamos criando quatro novas universidades federais e estamos criando 13 extensões de universidades federais para regiões mais pobres do Brasil, inclusive a minha terra, Garanhuns, o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais; o ABC paulista, que não tinha universidade, e vai ganhar universidade federal; Sorocaba, que vai ter uma faculdade, porque eu tinha dito, antes da eleição, que era preciso um torneiro mecânico ser eleito Presidente da República, para resolver o problema educacional deste país, para resolver o problema não apenas do ensino fundamental, do ensino médio, mas também das universidades brasileiras.

E isso está sendo feito porque nós temos clareza que o Brasil não pode passar este século sendo exportador de matéria-prima ou minério de ferro ou de produtos in natura, produzidos no nosso campo, como a soja, como o milho e outros produtos. Nós queremos, neste século, e eu tenho dito que o século XXI será o século do Brasil e será o século da América do Sul, nós queremos exportar inteligência, queremos exportar conhecimento, exportar valor agregado. E se a gente não investir nas universidades, desde a formação dos profissionais, para que os alunos das universidades saiam preparados, não apenas para o mercado de trabalho, mas saiam preparados para ajudar a construir uma Nação muito mais forte, uma Nação soberana.

Queria dizer ao companheiro Newton que o fato de ter vindo, aqui, hoje, participar do começo da obra deste hospital-escola é uma demonstração que alguns reivindicam, outros criticam, e o papel do nosso governo é fazer aquilo que não foi feito na história do nosso país.

É por isso que queremos a reforma da universidade pública, para dar autonomia para a universidade. É por isso que nós precisamos e é por isso que nós estamos, hoje, podendo dizer ao povo de São Carlos: quisera Deus que o Brasil tivesse crescido nos últimos dez anos o que cresceu nos nossos dois primeiros anos. E, certamente, o Brasil vai continuar crescendo, nós vamos continuar investindo e essas crianças terão um futuro muito melhor do que aquele que nós recebemos dos nossos pais.

O nosso papel é cuidar, companheiro Newton, para que outras cidades recebam os mesmos benefícios que São Carlos está recebendo. São Carlos já é uma cidade com boa infra-estrutura, já é uma cidade com uma belíssima universidade, mas não era possível que aqui não tivesse um hospital-escola, uma faculdade para ensinar medicina e, sobretudo, ensinar dando uma conotação de formação aos profissionais, para que eles aprendam a medicina social, o médico de família, para que saiam da universidade e possam trabalhar no serviço público com orgulho, não apenas pensar em se formar para montar um gabinete e ganhar dinheiro às custas da doença do povo pobre deste país. É importante que mesmo tendo o seu consultório, o médico tenha um tempo para trabalhar na rede pública para ajudar os milhões de brasileiros que só têm acesso à rede pública de saúde deste Brasil.

Eu quero cumprimentar o nosso querido Reitor, porque os 27 reitores das universidades federais estão a favor da reforma universitária, porque é proposta deles.

Quero cumprimentar o companheiro Newton, pois ainda não tive condições de cumprimentá-lo pela sua reeleição. E eu quero terminar dizendo Newtão, que feliz a cidade que pode ter um homem do teu caráter, um homem de bem e um homem com a tua alegria, governando essa cidade. Eu quero te dizer, companheiro Newton, que há muito tempo eu freqüento São Carlos, desde 1980, e há muito tempo eu acho que o povo de São Carlos merecia uma pessoa como você.

Meus parabéns Newtão, boa sorte e vamos continuar fazendo parcerias.

Eu só quero agradecer à Diretoria da Apae que está aqui, quero agradecer aos pais dessas crianças que as trouxeram para participar deste ato e eu espero que, com o hospital-escola, essas crianças sejam melhor atendidas.

Um abraço gente.

Discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de apresentação dos novos investimentos da empresa Tecumseh do Brasil
São Carlos-SP, 31 de março de 2005

Eu não vou ler a minha nominata, aqui, com os nomes das autoridades. Vou apenas fazer justiça, porque nós participamos de um ato, agora, do começo de uma obra de um hospital-escola, em São Carlos, e eu falei o nome de todos os deputados e não falei o nome do deputado João Herrmann. Isso é porque ele está sem gravata, então, eu resolvi puni-lo.

Eu quero dizer aos diretores da Tecumseh que vocês certamente já conhecem a qualidade do trabalhador brasileiro, a criatividade do trabalhador brasileiro, a qualidade do serviço prestado por estes trabalhadores, e eu não tenho dúvida nenhuma que com essa qualidade nós continuaremos vendo esta empresa ganhar espaço no mercado internacional.

E o governo tenta cumprir com a sua parte. Este mês nós tivemos o gostoso prazer de tomar um champanhe junto com os exportadores brasileiros, porque ultrapassamos 101 bilhões de dólares de exportação, o que é um recorde, uma marca fantástica, porque o Brasil, na década de 70, tinha uma participação de 1,2 do comércio mundial. A China não existia ainda. O Brasil, depois, chegou a ter 0,70, ou seja, o Brasil caiu quase que 50% na sua política de comércio exterior. E nesses dois anos de governo nós já estamos a 1,12%, ou seja, estamos chegando perto do melhor momento do Brasil, hoje, com a China tomando conta de uma grande parte do comércio mundial.

Estamos fazendo isso e é importante que os trabalhadores e a empresa compreendam, tentando quebrar uma coisa que habitualmente acontecia no Brasil. Vocês sabem que até a década de 80, muitas vezes, o governo decidia exportar e tudo era para exportar, e esquecia o mercado interno. Outra vez, o governo optava por fortalecer o mercado interno e esquecia as exportações. Então, muitas vezes, uma empresa se preparava para exportar e daqui a pouco o governo diminuía o peso das exportações. Daqui a pouco ele se preparava para o mercado interno, o governo aumentava as exportações. Então, o empresário ficava sem saber, concretamente, o ritmo dos investimentos que ele tinha que fazer no Brasil.

Nós decidimos que não é incompatível você exportar e crescer internamente. Por isso vocês sabem que, no ano passado, nós tivemos um saldo muito bom, eu não diria ótimo, mas muito bom, quando nós tivemos um crescimento do nosso Produto Interno Bruto de 5,2%, o maior dos últimos dez anos.

A indústria de São Paulo teve um crescimento maior do que os últimos 18 anos. E o Brasil inteiro continua crescendo. Os dados publicados pelo IBGE, hoje, mostram inclusive um crescimento de 3,7% na renda per capita do nosso povo brasileiro, numa demonstração de que nós estamos encontrando o ponto de equilíbrio para um crescimento sustentável, que não seja aquele crescimento, como vocês já tiveram e eu já tive na vida, quando do Plano Cruzado, em 86, e todo mundo achou que o Brasil tinha chegado no paraíso e seis meses depois acabou o Plano. Como o Plano Real, quando muita gente achou que estavam resolvidos todos os problemas do nosso país. Teve gente que foi dormir um dia tendo uma dívida de 1 real e acordou devendo 4 reais, sem saber por que isso aconteceu.

Nós entendemos que se a gente trabalhar com seriedade, se a gente não inventar nenhuma medida, mas se a gente trabalhar com instrumentos que a sociedade possa compreender a sua seriedade, a gente pode ter um crescimento sustentável por 10, 15 ou 20 anos. E a gente pode, de uma vez por todas, consolidar o Brasil como um grande país industrial. A gente pode consolidar o Brasil como um país altamente competitivo neste mundo globalizado, com blocos muito fortes, como o bloco europeu, os americanos ou os próprios chineses.

O Brasil não deve nada a ninguém, o grande problema nosso é que nós nascemos e morremos sempre achando que os outros são melhores do que nós. Nós nascemos e crescemos, achando: “eles são melhores do que nós, eles podem mais do que nós”. Nós é que temos que acreditar em nós mesmos.

Nós é que precisamos saber a força que nós temos, do que somos capazes e o papel do Estado é o de criar facilidades, criar mecanismos para que as empresas se motivem mais a fazer investimentos aqui, porque o que conta, na verdade, é a gente garantir que as pessoas tenham possibilidade de trabalho, porque quando um homem e uma mulher têm trabalho, tudo fica mais fácil, basta não ficar doente que as coisas vão indo de vento em popa.

E por que nós estamos fazendo isso? Porque eu aprendi na minha vida, que a gente só aprende a gostar dos pais da gente de verdade, a gente só reconhece o sacrifício deles, quando a gente casa e tem filhos, porque até então a gente não dá valor ao que os nossos pais fizeram por nós, a gente sempre acha que era obrigação deles: “me pôs no mundo, tem que cuidar”. Mas quando a gente tem filho, a gente tem que levantar 2 horas da manhã, a criança com bronquite, tem que levar para tomar inalação, ou quando dá dor de barriga 1 hora da manhã e você tem que correr, se tiver carro ainda bem, se não, vai ter que chamar um táxi ou vai ter que ir a pé debaixo de chuva. Quando a gente começa a passar por isso, a gente começa a dar valor às coisas que a gente tem e às coisas que a gente pode construir.

Eu digo sempre o seguinte: a gente só aprende a ser filho quando a gente vira pai e a gente só aprende a ser pai quando a gente vira avô, porque quando a gente vira avô a gente cuida dos netos com muito mais carinho do que a gente cuidou do filhos da gente. Você não vê avô gritar com neto, aliás, os pais sempre falam: “eu educo o meu filho a semana inteira e o meu pai e a minha mãe vêm aqui no final de sema e deseduca ele”. Então, essas lições que eu trouxe da minha casa, do meu berço, de uma mãe analfabeta é que eu tento passar como atos de governança no país.

Por exemplo: hoje, sabe a Direção da empresa, e vocês devem acompanhar pela imprensa, eu fui um dirigente sindical muito importante no Brasil, sem falsa modéstia, eu fui muito importante na década de 70 e fui para a Europa 500 vezes, eu era convidado para os Estados Unidos, para o Japão, para tudo quanto é país desenvolvido. Eu nunca tinha ido à Argentina, nunca tinha ido ao Uruguai, nunca tinha ido ao Paraguai, nunca tinha ido à Bolívia. Nenhum país da América do Sul e eles também não vinham para cá, porque nós éramos subordinados aos países que economicamente eram mais fortes, que tinham empresas multinacionais no Brasil, que nos convidavam. Nós não nos dávamos importância, embora a gente estivesse tão juntos, embora a gente estivesse tão próximos, o Brasil faz fronteira com todos os países, menos com o Equador e com o Chile.

A primeira atitude que nós tomamos, e eu penso que a empresa deve estar ganhando com isso, foi estreitar as relações no nosso Continente, na América do Sul. Estreitar relações com todos os países e o Brasil financiar exportações, criando condições de infra-estrutura naqueles países, porque eles são consumidores dos produtos brasileiros. Eu não sei como é que a gente vai num país e encontra carro japonês, quando o Brasil está ali na fronteira. Agora, se não tiver estrada, se não tiver ponte, se não tiver energia, se não tiver telecomunicação, não tem negociação.

Veja uma coisa, a primeira ponte entre Brasil e Bolívia, fomos nós que construímos agora, com 500 anos que existe o Brasil. A primeira ponte, entre o Brasil e o Peru, nós vamos inaugurar em junho agora. Inaugurar uma ponte significa transitar gente, transitar carga, transitar aquela nossa loucura de exploradores. Significa o empresário brasileiro saber o que tem lá para ele fazer, os empresários peruanos saberem o que tem aqui, nós vamos ficar mais próximos do Pacífico, eles ficarão mais próximos do Atlântico, ou seja, essa integração, nós estamos fazendo com a América do Sul, porque acreditamos que o Brasil, como maior economia do Continente, tem que ter responsabilidade em ajudar os países mais pobres, porque ajudando eles vão se desenvolver também, vão comprar nossos produtos, nós vamos comprar produtos deles e vai ficar uma relação menos dependente dos Estados Unidos e menos dependente da União Européia.

Nós precisamos criar novas fronteiras para que a gente possa colocar os nossos produtos e não ficar disputando apenas com os dois grandes blocos: Estados Unidos e União Européia. Nós precisamos abrir, por isso nós temos uma relação estratégica com a China, por isso nós temos uma relação estratégica com a Índia, por isso nós temos uma relação estratégica com a África do Sul, por isso nós temos uma relação estratégica com outros países, a Rússia por exemplo, que tinha pouquíssima coisa.

Senhores empresários, ministros e trabalhadores,
Eu me lembro que o Brasil estava tentando vender manga para o Japão havia 28 anos. Há 28 anos o Brasil tentava convencer os japoneses a comprarem manga do Brasil. E eles não compravam dizendo: “não, tem o bicho da mosca, não dá para comprar porque tem o tal do bicho da mosca”. Eles nem sabiam que já tinha a Embrapa, está aqui o presidente da Embrapa, que tinha ajudado a combater isso. Pois bem, o Koizumi veio ao Brasil, primeiro-ministro japonês, sentou na mesa para conversar e o primeiro assunto é manga. Fomos comer. “Quer sobremesa?” “Quero”. Manga. Conclusão: em janeiro, o Japão importou a primeira carga de mangas do Brasil.

Eu, agora em maio, estou indo para o Japão. O Japão não compra carne do Brasil. Eles mal sabem que este país, aqui, mata 36 milhões de cabeças de gado por ano. Eles mal sabem que, hoje, o Brasil tem criadores de gado que criam da forma mais moderna do que em qualquer país do mundo, sem o risco da “vaca louca”, porque a nossa ração é capim, a nossa ração pode dar uma qualidade ao nosso gado. Pois bem, eu vou para o Japão agora. Eles não compram nossa carne. Já falei para o nosso embaixador: pode preparar uma churrasqueira, se não tiver, prepare, não custa nada fazer, vamos levar na nossa bagagem umas picanhas e umas costelas. E ao chegar vamos chamar o primeiro-ministro e falar: vamos comer a carne brasileira e vamos ver se a que você compra é melhor do que a nossa.

Porque o Presidente da Rússia veio conversar comigo, tinha um núcleo de febre aftosa no Amazonas, lá perto do Amapá. Ele falou: o Brasil tem febre aftosa. Eu falei: meu filho, você precisa conhecer o mapa do Brasil. Levei-o lá na minha sala, peguei o mapa do Brasil e falei: olha onde teve um foco de febre aftosa, ali não é região criadora de gado, ali deve ser um pequeno criador que deve ter 30 ou 40 cabeças; onde nós exportamos é aqui. A distância entre o centro criador de gado brasileiro exportador onde teve o foco é mais distante do que de Moscou à Alemanha, do que de Moscou à Inglaterra, do que de Moscou à França. Então, ele precisa conhecer isso para poder comprar. Já está comprando um pouquinho e vai comprar mais.

Aí dizem: “não, mas o Brasil só é exportador de soja, de cana, de milho, de minério de ferro.” Este ano nós provamos que não. Mais de 50% do nosso comércio exterior foi de produtos com valor agregado manufaturados.

E quando eu venho aqui, nesta empresa, e sei que vocês estão planejando se transformar no maior exportador de compressores do mundo, eu, como Presidente da República, como ex-metalúrgico, como cidadão brasileiro, saio daqui dizendo: vale a pena a gente acreditar no povo brasileiro, vale a pena a gente acreditar no Brasil e vale a pena a gente levantar todo santo dia de manhã gritando para nós mesmos: “nós somos brasileiros e não desistimos nunca”.

Meus parabéns, boa sorte e meus parabéns à Direção da empresa.


 
 

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