COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM PDF Imprimir E-mail
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Comunidades de Aprendizagem é um programa desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação. Na cidade de São Carlos são três as escolas que se transformaram em Comunidades de Aprendizagem: EMEB Antônio Stella Moruzzi, EMEB Dalila Galli e EMEB Janete Maria Martinelli Lia. O trabalho nestas unidades vem sendo desenvolvido numa parceria entre as escolas, a Secretaria Municipal de Educação e o Núcleo de Investigação e Ação Social e Educativa (NIASE), da Universidade Federal de São Carlos. Desde meados de 2009 a SME tem buscado uma maior articulação entre o governo municipal e a proposta desenvolvida nas escolas, entendendo o programa como uma política pública desenvolvida pelo município.

SAIBA MAIS

De acordo com os escritos de Elboj et al (2002), as Comunidades de Aprendizagem são o resultado de muitas contribuições, dentre elas aquelas desenvolvidas na Escola de Pessoas Adultas La Verneda Sant Martí, na Espanha, e as linhas de investigação desenvolvidas ao longo de muitos anos pelo CREA (Centro Especial de Investigação em Teorias e Práticas Superadoras de Desigualdades), da Universidade de Barcelona/Espanha, dedicadas a analisar experiências de sucesso em âmbito internacional e a favorecer a igualdade educativa e social através de transformações nos processos educativos.

As Comunidades de Aprendizagem englobam experiências em diversas escolas na Espanha: na Catalunha, Aragão, País Basco (onde se deu o ingresso da primeira escola espanhola no projeto), escolas no Brasil e também no Chile. Ao todo existem hoje 76 Comunidades de Aprendizagem no mundo, sendo duas em escolas de educação infantil, 64 em escolas de educação infantil e ensino primário, 7 escolas de educação secundária (ou ensino médio) e 3 escolas de pessoas adultas.

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3 ESCOLAS ENVOLVIDAS

emeb-stella-moruzziEMEB ANTÔNIO STELLA MORUZZI
A EMEB “Antonio Stella Moruzzi” foi a primeira escola do Brasil a transformar-se em Comunidade de Aprendizagem. Esse processo iniciou-se no ano de 2003 com a sensibilização dos/as docentes da escola, que ocorreu durante o período de aulas, com a presença de voluntários/as nas salas aplicando as atividades preparadas pelas professoras, provocando uma grande movimentação, envolvendo toda a comunidade escolar, de entorno, parentes, amigos, professores de outras escolas, dentre outros.

Desde então, temos passado por muitos momentos de reflexão sobre a escola que queremos, sobre nossa prática pedagógica, a qualidade de ensino oferecida a todas e todos e o que necessitamos investir/melhorar.

Ao longo destes anos, temos feito boas parcerias com familiares, funcionários da escola, estudantes mais velhos atuando com estudantes mais novos, ex-alunos que hoje são voluntários, gestora comunitária da escola e estudantes e professores de universidades públicas e privadas do município. São parcerias duradouras, de pessoas que demonstram muito entusiasmo, prazer pelo trabalho que realizam, e que desejam compartilhar conhecimentos.

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emeb-dallila-galliEMEB DALILA GALLI
Na escola Dalila Galli, o processo de transformação teve início em 2006, rumo à construção de uma  Comunidade de Aprendizagem, e então teve início a fase de sensibilização da comunidade escolar. Inicialmente, a sensibilização foi realizada com os profissionais da escola. Durante esta primeira etapa, discutiram-se as características e necessidades da sociedade atual, que tipo de formação do cidadão/ã  essa sociedade exige, a estrutura do projeto e como se dá seu desenvolvimento.

Realizada a sensibilização, foi-nos dado um tempo para refletirmos se iríamos querer transformar nossa unidade escolar em Comunidades de Aprendizagem, ou não. Transcorrido o tempo de reflexão, os profissionais da escola decidiram por sua transformação, e então passamos à etapa de sensibilização da comunidade escolar, dos sonhos e da seleção de prioridades.

Priorizados os sonhos, realizamos um plano de ação em conjunto com a comissão gestora e passamos a buscar ações que nos ajudassem a consolidar nossos sonhos. Chegamos, então, à etapa de consolidação da Comunidade de Aprendizagem.

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emeb-martinelli-liaEMEB JANETE M. MARTINELLI LIA
O processo de transformação dessa escola em Comunidades de Aprendizagem iniciou-se em 2005. A proposta de Comunidades trazia uma idéia inovadora e transformadora: não se muda a escola sem que o seu entorno esteja envolvido. Após o conhecimento do projeto, com as etapas de sensibilização, o corpo docente refletiu e decidiu iniciar a transformação. Posteriormente a essa etapa, outra sensibilização foi feita direcionada a toda a comunidade escolar. Sonhamos (alunos, responsáveis, equipe escolar, equipe de apoio da Universidade Federal de São Carlos) com o que queremos para a escola: cursos de informática, inglês, artesanato, pintura da escola, piscina, alunos aprendendo, alunos mais comportados, merenda diferenciada, entre outros sonhos. Muitos dos sonhos se tornam realidade com o trabalho de todos os envolvidos na qualidade da educação.

Os desafios são constantes, mas estamos sempre conseguindo mais parceiros: famílias, voluntários da universidade ou da comunidade escolar, funcionários da escola que nos ajudam nas diversas atividades oferecidas pela escola, na busca da máxima qualidade de ensino – aprendizagem.

A proposta de Comunidade de Aprendizagem que, a princípio era um projeto, passou a ser característica da escola, e o que era sonho foi, e continua se constituindo, em realidade.

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(16) 3375- 2626

UMA PROPOSTA DE APRENDIZAGEM DIALÓGICA

A proposta das Comunidades de Aprendizagem chegou ao Brasil por meio da Profa. Dra. Roseli Rodrigues de Mello, após um estágio realizado por ela junto ao Centro Especial de Investigação em Teorias e Práticas Superadoras de Desigualdades (CREA), da Universidade de Barcelona/Espanha. Desde então o Núcleo de Investigação e Ação Social e Educativa-NIASE, da Universidade Federal de São Carlos, em parceria com a SME vem desenvolvendo este projeto no Brasil.

Em 2003 esta proposta foi apresentada para diretoras da rede municipal de ensino de São Carlos e uma escola de Ensino Fundamental demonstrou interesse no projeto. Nesse ano surgiu, então, a primeira Comunidade de Aprendizagem brasileira, a EMEB Antônio Stella Moruzzi, na cidade de São Carlos.

Em 2005 o NIASE apresentou novamente a proposta para diretoras e professoras da rede municipal de Ensino e uma segunda escola desejou transformar-se em Comunidade de Aprendizagem: a EMEB Janete Maria Martinelli Lia, que iniciou seu processo de transformação neste mesmo ano.

Em 2006 houve um novo pedido de uma escola da cidade. Uma escola de Ensino Fundamental que atendia alunos/as de primeira à oitava série, uma novidade em Comunidades de Aprendizagem no Brasil até então. Esta escola, a EMEB Dalila Galli, iniciou seu processo de transformação em 2006.

Ao final de 2009 a SME assumiu a coordenação do Programa Comunidades de Aprendizagem, entendendo-o enquanto uma proposta política do município, trabalhando em parceria com o NIASE. Das três unidades de ensino que se transformaram em Comunidades de Aprendizagem, todas apresentam relatos de melhora do ensino e da convivência na escola, por isso a SME tem apostado na divulgação da proposta e no fortalecimento da formação oferecida às escolas que já desenvolvem e aquelas que desejam desenvolver a proposta.

A base que norteia as comunidades de aprendizagem é o conceito de aprendizagem dialógica, desenvolvido pelo CREA com base na Teoria da Ação Comunicativa, de Habermas, e no conceito de dialogicidade, de Freire. A partir deste conceito, a aprendizagem acontece, principalmente, por conta das interações que se estabelecem entre as pessoas, e da reflexão gerada a partir do diálogo entre elas.

Nesse sentido, a aprendizagem dialógica apresenta sete princípios:
•    Diálogo Igualitário: o diálogo igualitário, princípio da aprendizagem dialógica está em sintonia com a ação comunicativa, proposta por Habermas. Neste tipo de ação cada pessoa faz suas próprias contribuições ao diálogo. As falas não são classificadas como melhores ou piores, mas apreciadas como diferentes. Esse princípio confere à atividade educativa uma nova maneira de estabelecer-se: o que vale a partir deste modelo é a força que tem cada argumento e não o poder que ocupa a pessoa que o apresenta.

•    Inteligência Cultural: quanto ao princípio de inteligência cultural, Flecha (1997) destaca o fato de que todas as pessoas têm as mesmas capacidades para participar em um diálogo igualitário, mesmo que cada uma possa demonstrar essas capacidades em ambientes distintos. Isso significa que cada pessoa tem uma inteligência que é reportada ao contexto em que vive, e que se pode seguir aprendendo ao longo de toda a vida.

•    Transformação: a aprendizagem dialógica transforma a relação entre as pessoas e o seu entorno. A maneira de aprender gerada a partir do diálogo igualitário acaba por transformar as pessoas e o conceito que têm de si mesmas e das instituições em que vivem. A escola, nesta perspectiva, também passa a ser transformadora.

•    Dimensão Instrumental: trata-se da aprendizagem, por meio do diálogo, de conhecimentos acadêmicos e instrumentais, pois a aprendizagem dialógica inclui todos os conhecimentos que são necessários para a sobrevivência na sociedade atual. A aprendizagem instrumental não se opõe ao diálogo. Ao contrário, ela se intensifica a partir da aprendizagem dialógica.

•    Criação de sentido: o contexto atual favorece e alimenta o individualismo e isso contribui para que muitas pessoas percam o sentido de suas vidas. A vivência a partir da aprendizagem dialógica possibilita que recriemos um novo sentido, não só individualmente, mas também do coletivo, como é o caso da escola. 

•    Solidariedade: assim como ficamos mais individualistas frente a esse novo contexto, também vamos aprendendo a ser menos humanos e menos solidários, pois a sociedade “seleciona” os melhores e exclui o resto das pessoas. A aprendizagem dialógica é formulada com base em teorias como a de Freire e Habermas porque acredita nos valores de igualdade, paz, liberdade e solidariedade. Assim, uma prática educativa que se propõe dialógica só pode pautar-se na solidariedade.

•    Igualdade de diferenças: a aprendizagem dialógica luta pela igualdade de diferenças porque acredita que a verdadeira igualdade inclui o mesmo direito que cada pessoa tem de ser e viver de forma diferente. Por isso, todas as pessoas que participam do diálogo têm o igual direito de ser diferentes.

Por meio da aprendizagem dialógica, a transformação de uma escola em Comunidades de Aprendizagem é pensada diante da participação de todos e todas, buscando construir uma educação de qualidade para todas as pessoas que responda às necessidades da sociedade atual.

Referência: Mello, Roseli Rodrigues  ; Braga, Fabiana Marini  ; Rodrigues, Eglen Silvia Pipi   Gabassa, Vanessa   Artigo COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM: UMA PROPOSTA DE EXTENSAO UNIVERSITARIA

¹  Professora Adjunta do Departamento de Metodologia de Ensino da Universidade Federal de São Carlos. Coordenadora do Núcleo de Investigação e Ação Social e Educativa (NIASE/UFSCar) e do projeto Comunidades de Aprendizagem.
²  Professora da Educação de Jovens e Adultos da rede municipal de ensino de São Carlos. Doutora em Educação pelo Programa de Pós-Graduação (PPGE), Departamento de Metodologia de Ensino (DME/UFSCar). Membro do Núcleo de Investigação e Ação Social e Educativa (NIASE/UFSCar).
³ Habilitada em pedagogia. Doutoranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação (PPGE), Departamento de Metodologia de Ensino (DME/UFSCar). Membro do Núcleo de Investigação e Ação Social e Educativa (NIASE/UFSCar). Bolsista CNPq.
Professora das séries iniciais do Ensino Fundamental da rede municipal de ensino de São Carlos. Doutoranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação (PPGE), Departamento de Metodologia de Ensino (DME/UFSCar). Membro do Núcleo de Investigação e Ação Social e Educativa (NIASE/UFSCar).

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Diversas atividades podem e são desenvolvidas nas Comunidades de Aprendizagem, todas almejando máxima qualidade de aprendizagem e convivência respeitosa entre as pessoas. Há, porém, algumas atividades centrais, que são desenvolvidas em todas as comunidades, pois apresentam resultados imediatos nos índices acadêmicos e de melhora de convívio. São elas:

BIBLIOTECA TUTORADA
Trata-se de um atendimento na biblioteca que acontece no horário contrário às aulas e tem por objetivo apoiar seus participantes (crianças, jovens e/ou adultos) em suas tarefas de casa, pesquisa e leitura. Durante o ano o espaço da biblioteca é aberto a quem queira participar, seja estudante da própria escola ou de outras escolas, como também pessoas do entorno escolar. Este é um espaço que conta com o apoio de colaboradores/as (pessoas voluntárias) que auxiliam os/as participantes da biblioteca em suas tarefas, pesquisas e leituras.


GRUPOS INTERATIVOS
Os grupos interativos são realizados em sala de aula e acontecem uma vez por semana. São formados pequenos grupos considerando a heterogeneidade dos mesmos, ou seja, grupos que contemplem critérios como: rendimento escolar, gênero, etnia e outras especificidades que o/a professor/a julgue necessário, não separando-os, mas, ao contrário, colocando-os para conviver e compartilhar momentos de aprendizagem. A turma é dividida em 4 ou 5 grupos conforme o número de crianças e é dada a cada grupo uma atividade que tem duração de 15 ou 20 minutos; desta forma, durante 1 hora e meia, aproximadamente, acontecem 4 ou 5 atividades diferentes concomitantemente e todas as crianças fazem as atividades com o auxílio e orientação dos/as colaboradores/as (pessoas voluntárias).

Para a realização do grupo interativo o(a) professor(a) prepara as atividades e conta com o apoio de uma pessoa adulta ou criança mais velha (familiar, colaborador/a ou outro profissional) em cada grupo – o número de colaboradores(as) corresponde ao número de grupos formados na sala de aula. Cabe a esta pessoa coordenar a atividade no grupo estimulando a interação entre as crianças, de forma que realizem cooperativamente a tarefa, assim como acolher as orientações do(a) professor(a). Uma vez acabado o tempo estipulado para a realização da atividade, os meninos e meninas trocam de grupo para a realização de uma nova atividade com uma pessoa diferente.


TERTÚLIAS DIALÓGICAS
As tertúlias dialógicas podem ser literárias, musicais e de artes plásticas. O intuito dessa atividade é poder trabalhar (dentro ou fora da sala de aula) com os clássicos da literatura, da música e das artes plásticas. Com base nos princípios da aprendizagem dialógica, realizam-se encontros semanais, com uma hora ou mais de duração com o intuito de conhecer as obras clássicas e conversar a partir delas, podendo relacioná-las com a própria vida. O objetivo desta atividade é, além de ampliar o acesso a essas obras, poder potencializar a aprendizagem instrumental a partir delas.


FORMAÇÃO DE FAMILIARES
Assim como as atividades oferecidas aos estudantes de cada escola, a formação de familiares, isto é, das pessoas adultas do bairro que são responsáveis pelas crianças, é de extrema importância em Comunidades de Aprendizagem. A escola deve ser um espaço aberto às diversas necessidades formativas apontadas pelos familiares, contando com pessoas voluntárias para uma ampliação constante da oferta de formação. Aulas de informática, línguas, leitura e escrita são alguns exemplos das aprendizagens que os familiares querem ter para si. Além disso, é importante destacar que a aprendizagem das pessoas adultas potencializa a aprendizagem dos alunos e alunas da escola.


MAIORES INFORMAÇÕES


Para maiores informações sobre as Comunidades de Aprendizagem você pode entrar em contato com a SME pelo telefone 33733222 ou pelo e-mail: Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo.

Os sites do NIASE e do CREA também trazem diversas informações e artigos sobre a proposta:

www.ufscar.br/niase

www.pcb.ub.es/crea

Se quiser ser um voluntário(a) em uma das Comunidades de Aprendizagem, basta entrar em contato com as escolas!



O processo de transformação envolve as seguintes fases:

SENSIBILIZAÇÃO
O objetivo desta fase é conhecer em linhas gerais a proposta de transformação e, principalmente, analisar o contexto social de desenvolvimento das teorias atuais das ciências sociais e dos modelos de educação. A duração desta fase é de aproximadamente 30 horas para a equipe escolar e duas horas para familiares e a comunidade de entorno, podendo ser um período maior de acordo com a disponibilidade e necessidade. Geralmente levamos um mês para concretizá-la.

TOMADA DE DECISÃO
Esta é a fase em que a escola decide se quer ou não iniciar um processo de transformação em uma Comunidade de Aprendizagem. A duração é de um mês. Neste mês, entre o final da fase da sensibilização e a tomada de decisão, a equipe da SME e da universidade se afastam da escola para que todos/as tenham a liberdade de dialogar, argumentar e decidir o que consideram mais relevante para a sua realidade: a implementação ou não da comunidade de aprendizagem.  Toda a equipe da escola pode analisar e debater o que significa a proposta apresentada, refletindo sobre toda a formação e informação recebidas.

SONHOS
Nesta fase é que se dá início ativamente ao processo de transformação da escola. Nesse período realiza-se reuniões com as crianças, professores/as, pais, familiares, comunidade do bairro, equipe de direção para idealizar a escola dos nossos sonhos. Aquela que sonhamos para nossos filhos e filhas (porque para nossos filhos e filhas sempre sonhamos o melhor). Sua duração é de aproximadamente três meses. Não há limite para sonhar: aprendizagem das crianças, das pessoas adultas, mudanças no espaço físico, da merenda, do material didático, do currículo etc.

SELEÇÃO DE PRIORIDADES
Durante as fases anteriores foram analisadas as necessidades, decidida a mudança e realizada a lista dos sonhos da escola que quer se tornar uma comunidade de aprendizagem.  Na seleção de prioridades, portanto, o objetivo é o de estabelecer prioridades para a realização dos sonhos. Trata-se de conhecer os meios e recursos com os quais a escola já conta no presente e, a partir deles, realizar os sonhos que estiverem ao alcance de imediato, procurando estabelecer as prioridades com base na máxima aprendizagem de crianças e pessoas adultas da comunidade. Esta fase pode durar de um a três meses .

PLANEJAMENTO
Tendo passado pela fase dos sonhos e de seleção de prioridades, chega-se à fase de planejamento. Nesta etapa a escola traça um plano de transformação e estabelece a melhor maneira de concretizá-lo. A partir das prioridades estabelecidas na fase anterior, agrupa-se as prioridades por temas e grupos de trabalho. A idéia, neste momento, é contar com a formação de comissões mistas (formadas por professores/as, estudantes, familiares, pessoas da comunidade etc) para concretizarem a realização dos sonhos. Estes, por sua vez, são divididos em três grupos: aqueles que podem se realizar a curto prazo; aqueles que poderão se realizar a médio prazo; e aqueles que se realizarão a longo prazo. A partir de então cada comissão se programa para dar andamento ao trabalho.

Com a fase de planejamento, o encaminhamento das comissões e o início da realização dos sonhos dá-se por concluída a etapa de transformação da escola em uma comunidade de aprendizagem. As fases seguintes dizem respeito ao processo de consolidação desta proposta.     

INVESTIGAÇÃO
Nesta fase as comissões mistas formadas durante a seleção de prioridades e planejamento desenvolvem seu trabalho explorando as possibilidades de mudanças concretas na escola e no bairro. Dois aspectos são fundamentais neste momento: aprofundamento das estruturas comunicativas de gestão e aplicação pedagógica da aprendizagem dialógica.

Assim, todo o esforço se dá no sentido de fomentar a “aceleração” das aprendizagens, buscando mudanças nos processos educativos. É aqui que são desenvolvidas atividades com voluntários/as, tanto em sala de aula como em outros espaços da escola. Como exemplo temos os grupos interativos, a biblioteca tutorada, as tertúlias literárias dialógicas, de artes plásticas e musicais, entre outros.

FORMAÇÃO
A fase de formação diz respeito à constante formação em aprendizagem dialógica que deve ser pensada para a equipe escolar e também voluntários/as quando se julgar necessário.

Além disso, as formações oferecidas aos familiares também são centrais em Comunidades de Aprendizagem e devem ser pensadas constantemente, de acordo com as necessidades da comunidade. Esta fase, portanto, não tem um período de duração, mas é constante.

AVALIAÇÃO

A avaliação do trabalho em uma Comunidade de Aprendizagem é permanente e deve contar com a participação de todas as pessoas. Porém, vale lembrar que, a partir da perspectiva dialógica, avaliar não significa inspecionar as capacidades cognitivas do pessoal especializado da escola, mas sim colaborar para a melhora das práticas da proposta, animando seus e suas protagonistas a seguir transformando sua escola.

Os critérios fundamentais deste processo são os princípios da aprendizagem dialógica e a adequação dos planos de ação que estão sendo desenvolvidos com os sonhos de todos e todas.