» CASOS DE AIDS EM SÃO CARLOS SE MANTÊM ESTÁVEIS Imprimir

Dois relatórios divulgados na terça, dia 21, pela Unaids, programa das Nações Unidas sobre o HIV, apresentaram um panorama da Aids no Brasil e no mundo. Segundo os dados, hoje são 39,5 milhões de pessoas que vivem com Aids no mundo, sendo que a maioria delas são africanos. São 6,5% a mais do que dois anos atrás. Um estudo do Ministério da Saúde confirmou ainda que hoje 600 mil brasileiros têm Aids, número que permanece estável desde 2000. A combinação entre prevenção e tratamento tem mantido a epidemia sob controle, diz o relatório.

Em São Carlos, os casos também se mantêm estáveis. Em relação ao ano passado, quando desde 1987 haviam sido registrados 1.296 casos da doença, de acordo com dados divulgados ontem pela coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids Blaranis Pauletto, os casos passaram para 1.334, registrando o aparecimento de 38 novos casos no município. A estratificação dos casos aponta que 874 são casos de Aids, 460 de HIV e 476 foram a óbito. Entre as crianças há o registro de 154 casos, sendo 18 com Aids e HIV positivo confirmado e 41 em elucidação. A boa notícia é que 68 casos de crianças foram negativados.

De acordo com Blaranis, apesar de estável, o número de casos ainda é grande e existem muitas pessoas que não sabem que têm o vírus. “Houve um aumento no número de casos de Aids entre as mulheres com idade entre 25 e 29 anos, no segmento das pessoas casadas e dos homens com idade entre 50 e 59 anos. Precisamos intensificar a divulgação e orientar que na relação sexual duvidosa em que não houve proteção, as pessoas quando procurarem o médico devem solicitar o exame HIV”, disse.

Blaranis lembra também que em São Carlos as gestantes precisam se conscientizar da necessidade de realização do exame, já que o protocolo do pré-natal preconiza a realização de pelo menos um exame de sorologia para HIV, o que tem sido decisivo na negativação de casos em crianças filhas de mãe soro-positivas.

Referência
O Programa Municipal de DST/Aids, que funciona há cerca de 5 anos em São Carlos em uma ala específica do Centro Municipal de Especialidades (CEME), e por ser um Serviço de Atendimento Especializado (SAE) composto por uma equipe multiprofissional, é considerado referência regional. Ele tem por objetivo reduzir a incidência da infecção pelo HIV/Aids e de outras doenças sexualmente transmissíveis (DST), ampliar o acesso e melhorar a qualidade do diagnóstico, tratamento e assistência em DST/HIV/Aids e fortalecer as instituições públicas e privadas responsáveis pelo controle das DST e Aids.

São Carlos atende, além de seus habitantes, uma microrregião de outros seis municípios: Descalvado, Ibaté, Ribeirão Bonito, Dourado, Santa Rita do Passa Quatro e Porto Ferreira. Os pacientes portadores de DST/HIV/Aids/Hepatite/Tuberculose e Hanseníase são atendidos por equipe multiprofissional: médicos, enfermeiras, auxiliares de enfermagem, assistente social, psicóloga e fisioterapeuta. Existe ainda um atendimento especializado para as crianças que, expostas ao vírus HIV durante a gestação, são acompanhadas até dois anos neste ambulatório.

Os pacientes carentes recebem passes para fazer exames e consultas, leite, cestas básicas e suplementos alimentares, além de terem todos os exames e remédios gratuitamente. Não há filas de espera e o atendimento é humanizado. No ambulatório de hepatites, os pacientes que antes tinham que se locomover para Ribeirão Preto hoje recebem todo o tratamento em São Carlos. Existe uma coordenação no programa que anualmente escreve um plano de metas e recebe uma verba do Ministério da Saúde para ações na área de prevenção, para atingir a população em geral e grupos mais vulneráveis, tais como adolescentes, idosos, caminhoneiros, homossexuais, mulheres em idade reprodutiva, profissionais do sexo, etc.

O programa tem uma preocupação muito grande com a disseminação destas epidemias no município e região e promove treinamentos para profissionais de saúde e professores da rede pública e privada de saúde e ensino. “Há uma boa infra-estrutura que oferece exames e distribui remédios gratuitamente aos pacientes”, reforça Blaranis. Os pacientes portadores de doenças sexualmente transmissíveis curáveis, tais como sífilis, gonorréia, papiloma vírus humano, linfogranuloma venéreo, entre outras, são tratados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e parceiros sexuais são orientados ao tratamento para interromper o círculo de contaminação das doenças, proteger as mulheres e fetos durante a gestação evitando seqüelas em doenças de fácil tratamento e preveníveis.

A maior arma que o Programa Municipal de DST/Aids conta é a divulgação do uso de preservativo em todas as relações sexuais, uma vez que se trata de uma forma eficiente e barata de prevenção. Os exames simples de HIV, orientação sobre a prevenção e o tratamento das DST podem ser feitos em qualquer unidade básica de saúde do município.

» Programa Municipal de DST/Aids.

(22/11/06)